O que te fez integrar o projeto?
O trabalho desenvolvido pelos Doutores da Alegria sempre me comoveu muito. A possibilidade de levar alegria para um ambiente que está associado à doença me parecia algo extraordinário. Fiz aula de teatro, busquei saber um pouco mais sobre grupos de doutores, mas a rotina de trabalho e até mesmo a indisponibilidade para participar destes grupos em outras cidades acabava inviabilizando a realização deste desejo pessoal. Até que um dia fiquei sabendo da formação de Doutores Palhaços no meu próprio local de trabalho. Foi emocionante poder ingressar neste grupo e mais empolgante ainda fazer parte da organização do mesmo. O projeto foi iniciativa voluntária de um grupo de estudantes de Medicina, na qual destaco a agora médica Stefânia Faé.
O quanto esse trabalho significa pra ti?
O trabalho voluntário por si só já é extremamente gratificante. A possibilidade de, em algumas oportunidades, apenas com o olhar do Doutor Palhaço, já conseguir um sorriso, gera uma felicidade incrível. Saber que você pode proporcionar uma distração, uma alegria, um esquecimento temporário da situação em que a pessoa se encontra, principalmente num ambiente hospitalar, é muito recompensador. A atividade requer muito preparo e disciplina. As atuações são sempre em duplas ou pequenos grupos. Ao final de cada atuação saímos extremamente cansados fisicamente, pois existe uma “entrega” muito grande, uma troca de energia incrível, mas muito felizes e recompensados. Ao final temos a consciência de que recebemos muito mais do que doamos.
Como é a sua atuação na iniciativa?
Atualmente estou na coordenação do projeto, mas esta função é alternada entre mais professores. Entretanto, desde que me formei em “Besterologia”, ajudo na formação dos demais doutores. Represento o Doutor Pierrê. Um médico francês, já bastante adaptado à língua e aos costumes locais.
Qual o impacto do projeto naqueles que o recebem?
Acho que o sorriso no rosto de alguém que muitas vezes está com dor ou com algum sofrimento é nossa maior resposta dos benefícios deste trabalho. Interagir com pessoas em diferentes situações, através do personagem, que é um ser completamente ingênuo, sem maldades ou preconceitos, é uma porta aberta para a troca. Alguns pacientes, e até mesmo acompanhantes, só de poderem contar um pouco sobre a vida e a situação que os levou até ali, gera um alívio e um prazer imediato. Precisamos também estar preparados para situações que não estão no nosso dia a dia e por isso é tão imprescindível a capacitação. É importante destacar que não só estudantes dos cursos da área de saúde participam, como voluntários, e sim alunos e egressos de qualquer graduação, assim como professores e funcionários da instituição.