Há falhas na prestação do serviço e são necessários investimentos para que a comunidade seja atendida da melhor forma. Mas, tão importante quanto isso, é o papel da sociedade, que precisa despertar para o consumo e uso consciente de água. Estas foram as impressões do primeiro debate promovido na tarde de ontem pelo Grupo A Hora, com patrocínio da Corsan e do Governo do Estado, voltados ao saneamento básico.
Participaram do debate o gerente da Corsan em Lajeado, Alexsander Cerentini Pacico, a química industrial da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gabriela Roehrs, e o engenheiro ambiental e professor da Univates, Marcelo Kronbauer. Todos apontaram que é preciso um olhar atento para o desperdício de água.
Segundo Pacico, a perda de água em Lajeado varia entre 30 e 35%. “Ontem (terça-feira) nós produzimos 23,7 mil metros cúbicos de água. É bastante. Mas desses, 8 mil metros são perdidos. Encontramos muitos vazamentos na cidade. E, quando as pessoas viajam e ficam 2, 3 dias ou uma semana fora, precisam criar o hábito de fechar o registro. Podem ocorrer vazamentos. Aí é ruim para nós e para o usuário”, argumenta.
Já Kronbauer destaca a importância do envolvimento coletivo da população para evitar o desperdício. “Nós só valorizamos a água quando falta. Somos muito reativos enquanto sociedade em relação a isso. Não adianta só ficar apontando o dedo. Depende também da colaboração de todos nós”, afirma.
Qualidade e manutenção
Na mesma linha, Gabriela entende que a sociedade deve não só buscar formas para diminuir o desperdício, como também se atentar à limpeza frequente do esgoto residencial, pois ele interfere na qualidade da água. “Pelos arroios, se vê que pouca gente faz a manutenção adequada. Os rios podem ser comprometidos pelo teu uso. As pessoas precisam também fazer o seu papel”, salienta.
A água de Lajeado, num geral, tem qualidade, atesta Gabriela. Porém, o maior problema estão nos arroios. “A Corsan entrega, sim, uma água de qualidade. Mas nos arroios verificamos uma contaminação bem grande, que vai acabar afetando vez ou outra a qualidade. E a Corsan terá que investir mais em tratamento, ou ampliação das plantas”.
Estudioso na questão de disponibilidade de água, Kronbauer ressalta que a falta de conscientização sobre a importância das águas é antiga. “Quando começamos a habitar o ambiente urbano, deixamos de entender de onde a água vem, que existe um rio que abastece Lajeado e os municípios da região, sintetiza.
Interferências
Pacico reconhece problemas no abastecimento, mas também ressalta que existem “dificuldades extras” atrapalhando o trabalho da Corsan em Lajeado. Cita ações humanas que interferem sobre o abastecimento, como a escavação de buracos e também o furto de equipamentos e perfuração das rede.
“Se alguém cava um buraco e atinge nossa rede, falta água. A Corsan é vítima, junto com o usuário. A grande maioria dos canos são feitos de PVC e estão suscetível a várias interferências. Por isso digo que é importante o usuário ter um pequeno reservatório. Resolveria 90% dos problemas”, pontua.
O reservatório, segundo Pacico, seria fundamental sobretudo em casos de falta de energia. “Sempre que ficamos 3 horas sem energia, são necessárias 12 horas para recuperar. Se falta durante metade do dia, como já aconteceu, precisamos de quase dois dias para normalizar”, cita.
Próximos debates
Água: Debate pela Vida
Patrocínio: Corsan e Governo do Estado
6 de outubro
• Novo marco regulatório • Cronograma de obras e prioridades;
• Ampliação e compreensão sobre o pagamento do serviço;
• Tarefas e obrigações dos municípios e da Corsan.
1º de dezembro
• Ações públicas na área de conscientização ambiental, no ensino e comunidade em geral;
• Quais as ações públicas existentes a necessárias na área agrícola?
• Regras e planos municipais sobre a expansão urbana;
• Futuro dos aterros sanitários.