“Foi um casamento perfeito”

Abre aspas

“Foi um casamento perfeito”

No dia 27 de novembro, Luiz Carlos Müller, 58, completará 40 anos de carteira assinada na única empresa em que atuou até hoje, longevidade rara nos tempos atuais. Mesmo aposentado, segue trabalhando como gerente de compras, sem intenção de parar. Nos anos 80, porém, chegou a dividir as atenções com o futebol profissional e defendeu as cores do Lajeadense na Divisão de Acesso

“Foi um casamento perfeito”
(Foto: Mateus Souza)
Vale do Taquari

Como você ingressou na empresa?
Concluí o segundo grau em Cruzeiro do Sul, onde nasci e residia, no curso de Auxiliar de Escritório. Na época, muitos almejavam continuar no interior, mas eu queria vir para a cidade. Um amigo do futebol me indicou para o José Zagonel, ele me chamou e aí marcamos uma reunião. Ele precisava de alguém para este serviço. A Construtora Zagonel ainda era uma empresa pequena. No mesmo dia, comecei a trabalhar.

Esperava ficar tanto tempo no mesmo local de trabalho?
Acredito que sim, pois foi um casamento perfeito. Sempre tive uma relação muito boa com todos e quis crescer junto com a empresa. E muitos aqui também ficaram mais de 20 anos. Tem pedreiros que começaram na mesma época que eu e se aposentaram trabalhando conosco.

Em outros tempos era regra trabalhadores construírem carreira nas empresas. Hoje em dia, é pouco comum. O que mudou de lá para cá?
Acredito que antes se lutava mais para conseguir um emprego e as pessoas zelavam por ele. Hoje, na primeira dificuldade, parece que o mundo desaba. Muitos trabalhadores entram nas empresas querendo tudo do dia para a noite, mas não é bem assim. Você só será valorizado quando der retorno para ela.

Você se aposentou há quase 10 anos, mas segue trabalhando. Pensa em parar?
Eu tenho 58 anos, não me sinto velho (risos). Mas minha carteira continua assinada e eu sigo trabalhando de gerente de compras. Claro que depois quero desfrutar da aposentadoria. Gosto muito de viajar. Já pude realizar o sonho de conhecer a Alemanha, pois minha avó é de Berlim. Fui presenteado pela empresa com essa viagem em 2016.

Fora o emprego na construtora, você chegou a atuar profissionalmente no futebol. Como foi essa experiência?
Quando comecei a trabalhar em Lajeado, atuava nos juniores do Lajeadense. Cheguei ao clube através do histórico treinador Élio Giovanella (já falecido). Me destaquei e fui promovido para o time profissional. Conseguia liberação para os treinos. Na época, era o único atleta do time a ter duas carteiras profissionais. Foram quatro anos jogando com a camisa alviazul. Conheci o estado inteiro viajando com o time, dormi em hotéis, ganhamos a Divisão de Acesso sem perder um jogo.

Não quis seguir carreira no esporte?
Chegou um momento onde tive que optar pelo emprego na construtora ou a carreira de jogador. Pesou o primeiro. Parei de jogar profissionalmente cedo, com 23 anos. Mas segui atuando no futebol amador. Sou multicampeão em Lajeado, Cruzeiro do Sul, Arroio do Meio, Venâncio Aires.

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