Se o saudoso ex-prefeito de Encantado, Adroaldo Conzati, tivesse ouvido todas as manifestações de incredulidade e de deboche, o Cristo Protetor jamais estaria atraindo mais de mil pessoas por fim de semana antes mesmo de estar pronto.
Nessa quarta-feira, sou surpreendido pela coluna do colega Rodrigo Martini, com a notícia de que repousa sobre a mesa do prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, uma proposta para construção de um teleférico entre Lajeado e Estrela. Aliás, a notícia foi a mais compartilhada e comentada na quarta-feira, quando Martini a trouxe com exclusividade.
2016. Este foi o ano em que Adroaldo Conzatti decidiu construir o Cristo em Encantado. Taxado de “louco”, buscou seguidores e convenceu um par de empresários que o sonho não era utopia. O desfecho dessa história todos nós já conhecemos.
Faço a remissão porque o mesmo deboche e a mesma incredulidade se perceberam esta semana, quando da notícia do teleférico. Parece impossível? Sim. O Cristo de Encantado parecia impossível também, não é mesmo? Pois é.
Pode ser que a proposta do teleférico entre Lajeado e Estrela jamais saia do papel. Tudo bem. A provocação deste artigo quer ir além. Quando empresas de fora começam a mirar o Vale do Taquari com propostas “fora do padrão ao que estamos acostumados”, é porque somos observados e monitorados.
Pensar em projetos que perpassam nosso pensamento limitante é imperioso para aproveitar o momento que atravessamos. Parte de R$ 80 milhões a cifra para a obra do teleférico. Parece muito. E é muito. Quem sabe, possamos pensar em algo menos custoso, por exemplo, uma passarela que ligue os dois centros antigos de Lajeado e Estrela. Ou algo nessa linha.
O que não podemos, em hipótese alguma, é deixar de sonhar maior. Nós somos do tamanho dos nossos sonhos, desde que estejamos dispostos a fazer o suficiente para alcançá-los. Isso vale para nossa vida. No âmbito público, muda um pouco e fica mais complexo. Ainda assim, os últimos anos nos mostram que é possível chegar lá.
Passear de trem sobre os trilhos da região parecia utopia em 2010. Nesta segunda-feira a região estará em Brasília para tentar, mais uma vez, emplacar passeios permanentes e não apenas esporádicos. Em 2019, brejo, inço e meia dúzia de arvores ocupava o Morro das Antenas que hoje abriga o Cristo Protetor. Há trinta anos, vemos o Porto de Estrela à deriva. Hoje ele é nosso e com reais possibilidades de emplacar. Em 2016, falar em startup, tecnologia, ecossistema de inovação, tríplice hélice, era linguagem grega. Hoje, o Pro_move Lajeado faz parte da nossa rotina e já fundamos até uma agência. Até pouco tempo, só ligávamos para o PIB. Agora estamos falando em FIB, como é o caso de Santa Clara do Sul, que lança projeto voltado a felicidade das pessoas. Por muitos anos sonhamos com a duplicação da BR-386 a partir de Lajeado. Agora está em obras e virando realidade. E por aí vai.
Atravessamos um momento espetacular enquanto região. Até os deuses parecem conspirar a nosso favor. Mas Fernando, e a pandemia? Já te esqueceu? Claro que não. Para sempre choraremos as mortes pela Covid 19 e seus impactos na vida de todos nós. Mas vida que segue.
Precisamos olhar para o copo meio cheio e montar o “cavalo que passa encilhado”. Não estou dizendo que vivemos um paraíso. Pelo contrário: temos mazelas históricas e salientes que nos perseguem e nos exigem intervenção imediata. Agora, se criarmos um ambiente cada vez mais vencedor. Se formos ousados nos nossos projetos. Se formos inovadores nas nossas soluções. Se formos astutos para pensar grande e corajosos para sair da zona de conforto, alcançaremos desenvolvimento mais sólido e mais rápido para nossas cidades e nossas pessoas. Inclusive, para resolver os problemas crônicos que nos cercam.
Com ou sem teleférico, Lajeado, Encantado, Estrela e toda região está diante de um salto em termos de desenvolvimento. E este é o momento de nos permitirmos sonhar alto, com os pés no chão e cientes do permanente e intransferível desafio que temos pela frente. Só faremos nossas cidades serem do tamanho dos nossos sonhos. Encantado tem 43 metros.