Os Jogos Olímpicos de Tóquio premiaram o Brasil com a primeira medalha do país na história do tênis. O feito foi da dupla feminina Luisa Stefani e Laura Pigossi, que conquistou o bronze. O que poucos sabem, no entanto, é que o Vale do Taquari também esteve representado neste esporte. E inclusive na final. Natural de Lajeado, o árbitro Tiago Stürmer, 33, viveu o sonho olímpico pela segunda vez. Em casa, alegria para os pais João Vicente e Maira Stürmer.
Depois de trabalhar nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, como árbitro local, Tiago sente-se ainda mais orgulhoso em ter sido selecionado para estar em Tóquio. Como árbitro de linha, ele completou todos os maiores torneios do mundo. Esteve nos quatro Grand Slams: Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open. Copas Davis, Olimpíadas e competições por todo o mundo. Sem nunca esquecer de onde iniciou.
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João Vicente e Maira, pais de Tiago, e o quadro com os crachás que o filho usa nas competições de tênis pelo mundo (Foto: Caetano Pretto)
Foi durante o US Open de 2019 que recebeu a notícia de que trabalharia em Tóquio. “Fiquei muito feliz e lisonjeado. Depois de trabalhar como local em 2016, fui selecionado como árbitro internacional. Um feito mais difícil e muito comemorado”, lembra.
Tiago considera que a sensação de estar em uma Olimpíada como árbitro é a mesma dos atletas. “É o maior evento esportivo do mundo, todos têm o sonho de estar ali.” O momento mais especial é fácil de ser escolhido. O lajeadense trabalhou na grande final feminina. Vitória da suíça Belinda Bencic sobre a tcheca Marketa Vondrousova
Experiências
no Japão
Stürmer mora na Áustria. A trabalho, viaja o mundo, e assim passou a valorizar a cultura de cada local. Estar no Japão foi especial por isso também. “Já havia estado ali em 2017 e pude sentir a receptividade e a generosidade do povo japonês. Trago a percepção de quão amigáveis eles são. Sinceros e educados. Poder estar emergindo de novo em uma cultura completamente diferente da nossa, saindo da zona de conforto e tentando compreender e aprender sobre algo novo, é o mais especial para mim.”
Da Engenharia à Olimpíada
Formado em Engenharia Ambiental, Tiago fez uma mudança drástica na carreira profissional ao decidir se empenhar na arbitragem do tênis. Ao projetar o futuro, considera já ser realizado como árbitro de linha. Agora, quer se consolidar também como árbitro de cadeira. “Em 2020 completei todos os Grand Slam como linha. Agora o meu sonho é me consolidar como árbitro de cadeira no cenário mundial”
“Sempre torço para o árbitro”
Em casa, Tiago sempre teve apoio. Seus pais, João Vicente e Maira, são seus maiores fãs. O pai, inclusive, guarda uma coleção de itens: fotos, crachás, bonés e roupas usadas nos torneios em que trabalhou. Há inclusive um quadro de recordações. “Sou muito grato a todo este apoio. Sinto falta deles, mas sei que estar aqui é importante para o prosseguimento da minha carreira”, diz o árbitro.
O pai João sente-se orgulho ao falar de Tiago. “É um guri trabalhador, começou no CTC, esteve também na Soges. Lembro que a primeira vez que deu aulas foi em um condomínio aqui em Lajeado. Pouco tempo depois, pode dizer que trabalhou em todos os maiores torneios do mundo”, destaca.
A idolatria do pai pelo filho é tanta que já fez João viajar pelo mundo para acompanhar o trabalho de Tiago. Esteve no Rio Open, Uruguai Open, em um ATP 250 na Áustria e também no US Open. “O que posso dizer é que sempre torço para o árbitro”, brinca.
Em Tóquio, os pais pouco conseguiram acompanhar o filho. Em função do horário e também da falta de transmissão do tênis para o Brasil, olharam apenas a final feminina. Jogo em que, mais uma vez, torceram para Tiago. “Eu brinco que eles focam demais no jogador, quando deveriam mostrar mais o árbitro”, diz a mãe, Maira.