Uma das principais aliadas no combate ao câncer, a tecnologia eleva os índices de remissão, auxilia no diagnóstico precoce e também ajuda a determinar as chances de uma pessoa vir a desenvolver a doença. Os exames de DNA estão entre os avanços mais representativos, pois permitem a adoção de estratégias adequadas às características genéticas de cada pessoa.
Por meio de parceria com o Hospital Albert Einstein, de São Paulo, o Centro Regional de Oncologia – CRON disponibiliza exames genéticos de alta complexidade, capazes de auxiliar na prevenção e no tratamento de tumores. Médico Oncologia e sócio-fundador do CRON, Dr. Hugo Schünemann explica que o câncer se desenvolve por meio de alterações nos genes que compõem o DNA.
Segundo ele, se uma pessoa tem o diagnóstico da doença, é possível coletar uma amostra do tumor para biópsia e, por meio do exame genético, identificar as mutações. “Hoje, existem medicamentos específicos para determinados genes alterados, ampliando a eficácia dos tratamentos.”
A partir da parceria com o Albert Einstein, o CRON coleta o material do paciente, que segue para análise genômica em São Paulo. Os resultados são recebidos em um prazo de uma semana a dez dias. Além de indicar caminhos para o tratamento, os exames genéticos também podem ajudar na prevenção da doença em familiares.
Hereditariedade e prevenção
Schünemann explica que entre 5% e 10% dos casos de câncer são hereditários, ou seja, surgem a partir de um gene que pode ser comum entre pessoas da mesma família. O exame de DNA identifica esses códigos e, a partir disso, é possível definir uma estratégia de prevenção.
Conforme o oncologista, o CRON criou um ambulatório específico para prevenção para familiares de pacientes. Ao identificar outras pessoas na família com o mesmo gene responsável pela doença, os profissionais definem uma estratégia de monitoramento, com exames periódicos.
“A prevenção é um trabalho que não impede a doença, mas caso venha a acontecer, resulta em um tratamento precoce, com muito mais chances de remissão”, reforça. Lembra que essa estratégia é indicada somente nos casos com características hereditárias.
“A grande maioria das doenças se desenvolvem por mutações que ocorrem devido aos nossos hábitos ao longo da vida”, alerta. Nestes casos, a prevenção consiste em manter hábitos saudáveis, como uma alimentação adequada e a prátia de exercícios físicos.
Saiba mais
Os exames genéticos para prevenção e tratamento do câncer resultam dos estudos de mapeamento do genoma humano. Iniciados em 1990, o estudo uniu diferentes laboratórios ao redor do mundo para compreender o código genético. O mapeamento foi concluído em 2002, permitindo um grande avanço para a medicina.
Conforme Schünemann, os genes são informações que indicam o funcionamento das células do nosso organismo. Ele compara com os projetos realizados antes de uma construção. “Para construir um edifício é preciso fazer um projeto com plantas baixa, estrutural, elétrica, hidráulica e especificações de segurança. O código genético contem as informações da construção do corpo humano.”
Lembra que os estudos do genoma ainda estão em andamento, mas que já é possível perceber características que indicam propensão a determinadas doenças. Segundo o médico, no futuro 70% dos casos de câncer serão tratados por meio da genética.
Entenda o exame genético
Cada célula do organismo humano possui um núcleo onde ficam os cromossomos – estruturas compostas por genes.
1 – Os genes são aquivos que guardam e fornecem informações para a organização das estruturas, formas e atividades das células no organismo.
2 – Toda informação genética está inscrita nos genes, em uma espécie de memória química chamada ácido desoxirribonucleico, ou DNA.
3 – Por meio do DNA os cromossomos passam as informações necessárias ao funcionamento das células.
4 – O câncer é resultado de uma mutação no DNA dos genes. As células cujo material genético foram alterados passam a receber instruções equivocadas, como a multiplicação incontrolável e a capacidade de migrar para outros locais do corpo humano (metástase).
5 – Por meio do exame genético, é possível identificar o tipo de mutação responsável pelo tumor e administrar medicamentos específicos para essa anomalia genética.
6 – O exame também permite identificar se familiares de um paciente possui genes capazes de desenvolver tumores hereditários, responsáveis por 5% a 10% dos casos da doença. Com isso, é possível definir estratégias de prevenção e monitoramento específicas para familiares que possuem esses mesmos genes em seu DNA.