A arte de negociar pressupõe recuos estratégicos e também momentos de mais agressividade na argumentação. Ser passivo ou mostrar indiferença costuma antecipar a derrota. É neste tabuleiro de xadrez que o embate dos pedágios entre Vale do Taquari e governo do Estado se encontra.
Nem tudo será acatado. Já se sabe disso. Todos os pontos de conflito entre as partes terão de passar por uma via de mão dupla. Em cima disso, a audiência da tarde de ontem criou uma expectativa de pelo menos alguma indicação do que poderia ser revisto por parte do Piratini. Isso não aconteceu.
Frustração é uma das palavras para descrever o resultado do encontro. Ainda assim, é insuficiente para compreender o simbolismo do momento.
Foi a primeira vez que se reuniu o parlamento, o Executivo, o Ministério Público e a sociedade civil organizada em torno do programa de concessões. O debate amadurece, ganha corpo. Junto com isso, o Estado perde terreno. Se embreta na obrigação de ampliar o tempo para análise do projeto.
O organograma de finalizar o edital em julho já foi superado. Para agosto, ao que tudo indica, também não será possível. A única audiência pública, feita no afogadilho, pela internet, com todas as dificuldades de organizar um debate virtual, já não servirá.
Entre um passo para trás e dois para frente, serão mais três momentos de apresentação das reivindicações e da cobrança por respostas. Ao que tudo indica, o trecho do Vale do Taquari volta à baila na Assembleia Legislativa, em uma audiência híbrida: parte presencial e também com transmissão pelos meios digitais.
O formato e a data ainda não foram oficializados. Em um primeiro momento, a indicação é que seja na outra segunda-feira, dia 16 de agosto. Neste mês ainda, a posição mais próxima do definitivo deve vir do governador Eduardo Leite.
O discurso de que o pior é deixar como está, da possibilidade de retirar o lote do Vale do pacote de concessões, também parece frágil. Difícil de ocorrer. Se há como construir, debater e negociar aquilo que vai ou fica fica de fora do leilão, é necessário aproveitar esse espaço.
Uma consideração importante neste meio, dita inclusive pelo presidente do Codevat: se o Vale ficar de fora do leilão, a responsabilidade das rodovias fica com a EGR e com o Daer. Ora, permanece sob o guarda-chuva do Estado. E ele não pode se omitir e aceitar que presta um serviço medíocre.