No porto mais ocioso do país está uma lição do que precisa ocorrer para dotar a região de melhores condições para o transporte de insumos e de produtos beneficiados. Nos 20 anos de estagnação, o complexo portuário de Estrela estava nas mãos de órgãos públicos.
A municipalização é uma oportunidade. Junto com isso, também um dever. Como apenas nas mãos dos governos não houve meios de retomar o transporte pluvial e a ocupação mais efetiva dos silos e armazéns, a criação de uma empresa pública tem a missão de facilitar os trâmites e as parcerias para essa retomada.
Esse caminho foi aberto. Agora é necessário transparência e assertividade na escolha dos nomes que serão os responsáveis por esse projeto. Um processo em trâmite e que nos próximos dias se espera a indicação de quem tocará a iniciativa em frente.
Em um país continental, depender apenas das rodovias para escoar produções é um equívoco. Escolhas políticas vindas desde o governo de Juscelino Kubitschek, o baixo investimento em ferrovias e hidrovias, além do lobby das grandes montadoras estão entre os motivos para esse cenário muito próximo do abandono.
Ainda que no centro-oeste e nos portos marítimos os últimos anos tenham sido de crescimento na movimentação de cargas, há espaço para melhor aproveitamento dos modais de transporte, em especial na navegação de águas internas e na oferta de mais ramais para locomotivas.
A conta da dependência rodoviária recai sobre o desenvolvimento. Junto com isso, há ainda todo o contexto de estadas precárias, de custos elevados dos combustíveis, dos pedágios, da falta de pistas duplicadas, da insegurança e dos acidentes.
Todo o potencial de unir BR-386, ferrovia e o Rio Taquari, deve ser um objetivo comum de todos os líderes regionais. Se trata de uma estratégia não só para os municípios desta região, mas para toda a economia regional.
Neste ambiente de imersão tecnológica, da inteligência para solucionar problemas históricos, racionalizar as operações de transporte é mais do que um dever, é uma necessidade. Para os caminhões, transporte em menores distâncias. Os trens, condições de atravessar estados e, pela hidrovia, um canal entre a produção local e a exportação. Essa é a receita. Simples de enumerar, mas complexa de praticar.