Desde pequeno, Samuel Elias Klein (30) sonhava em ser jornalista. A deficiência física trouxe obstáculos, mas depois de 11 anos de estudo, o sonho se torna realidade. Tudo passa pela determinação dele e pela atuação de uma rede de apoio, formada pela família, pelos amigos e pelos professores. A conclusão do curso é uma vitória coletiva, e será celebrada em agosto com a colação de grau.
Samuel, os pais e a irmã vivem em uma vizinhança simples em Venâncio Aires. o Pai, Lucindo Klein, e a mãe, Romi Carvalho, são divorciados, mas decidiram viver no mesmo bairro para se ajudarem na rotina de cuidados com Samuel. A família se divide, morando em duas casas. A irmã mais nova, Alice, teve papel importante na vida acadêmica dele. Auxiliava a digitar os trabalhos e textos de faculdade.
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Mãe Romi e o pai Lucindo foram o esteio para garantir a realização do sonho (Foto: Renata Lohmann)
Quando criança, a mãe tinha medo de colocar Samuel na escola. Pensava que ele pudesse sofrer bullying. “Era uma bobagem minha, os coleguinhas adoravam ele, e os monitores ajudavam na rotina em sala de aula” , relembra.
Quando Samuel entrou no Ensino Médio, a mãe decidiu voltar a estudar junto com o filho, acompanhando ele em todas as aulas. Ela havia parado os estudos no primeiro ano do Ensino Médio.
Do sonho à realidade
Na faculdade, o transporte se provou um grande desafio. O ônibus não o buscava em casa, e os pais precisavam levá-lo até a estrada pela rua de chão batido e sem calçamento, por vezes na chuva. O pai, Ivo, o acompanhava até a faculdade e esperava até o fim da aula para levar o filho de volta para casa. “Acho que todos cursamos jornalismo junto”, brinca.
Colega de faculdade de Samuel, Kástenes Casali vibra com a conquista do amigo. “Fico muito feliz pela realização desse sonho. Ele merece. Desde o início vi que ele é muito especial.”
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Fotos da colação de grau resumem a felicidade de Samuel. Foram 11 anos de curso. Formatura ocorre em agosto (Foto: Divulgação)
Os dois se aproximaram quando Samuel ficou sem transporte para ir à faculdade. Kástenes passou a dar carona para que ele pudesse assistir às aulas.
Samuel lembra com carinho dos colegas e dos professores. Cita Sérgio Reis (in memoriam). Outro mestre, Flávio Meurer, acompanhou de perto a trajetória de Samuel. “Ele sempre foi interessado e curioso.”
A busca por acessibilidade para o Samuel sempre foi uma prioridade, conta Meurer. “Isso para que ele tivesse as condições de, a partir de todas as dificuldades que ele tem, chegar onde ele chegou”.
Para o professor, o apoio da família foi muito importante para Samuel concluir o curso. “A banca do trabalho de conclusão concedeu a ele nota dez, justamente por ele mostrar todo esse esforço e realizar um trabalho apesar de todas as suas dificuldades”, explica. “Acho que ele é um um exemplo, ele e a família merecem esse momento de comemoração pela formatura. Espero que ele seja muito feliz na caminhada dele, agora como jornalista”, conclui.
“Determinação pura”
Samuel se descreve como “determinação pura” e vê o futuro com otimismo. Sonha em trabalhar em uma redação jornalística, escrevendo sobre política nacional.
Hoje ele escreve em um blog e, com o fim da faculdade, quer se dedicar mais ao próprio canal de vídeos na internet.
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Samuel deseja atuar em uma redação. Também planeja escrever sua biografia (Foto: Divulgação)
Também gostaria de escrever sua biografia para inspirar as pessoas com a sua história de vida. Por fim, deixa um recado para outros deficientes físicos. “Não tenham medo. A vida apresenta obstáculos, mas, com força de vontade podemos vencer. Eu venci.”