O frio extremo que invade o Rio Grande do Sul traz uma série de preocupações. Além das pessoas em situação de vulnerabilidade conforme matéria veiculada na edição de ontem, os produtores do campo estão apreensivos com os efeitos das baixíssimas temperaturas nas lavouras e açudes.O risc
o de comprometimento de culturas como tabaco e hortaliças faz agricultores e entidades a adotarem medidas de mitigação de danos, a exemplo do aumento na proteção de estufas. Após dois anos de severa estiagem, as interpéries continuam atrapalhando a vida no campo.
Outra preocupação é relativa à produção de milho. O frio tardio, projetado para o período final do inverno, também ameaça a safra de grãos. Principal insumo da cadeia produtiva de carnes, o cereal já atravessa um período de instabilidade e mobiliza organizações na busca de alternativas junto aos governos.
O período do início do plantio do milho coincide com a fase de floração do trigo, que consiste na principal alternativa para driblar os altos custos de produção da proteína animal. Portanto, as duas culturas estão ameaçadas com o frio histórico.
Engana-se quem pensa que o problema diz respeito apenas aos produtores rurais. Em poucos meses, as consequências começam a ser sentidas na cidade, especialmente nas gôndolas dos supermercados. Já em alta, os itens da cesta básica tendem a ficar ainda mais caros devido às dificuldades vividas no campo.
Autoridades e órgãos públicos vinculados ao setor primário precisam estar atentos ao fenômeno e prestar o apoio necessário aos agricultores. Seguro agrícola, anistia ou renegociação de dívidas, financiamentos em condições facilitadas são políticas públicas importantes e que precisam ser fortalecidas.
Um estado eminentemente agrícola, em que a agropecuária consiste na base econômica, deve oferecer as melhores possibilidades para o homem do campo produzir. Diante das inevitáveis interferências climáticas, assegurar o apoio ao produtor é uma premissa estratégica para o RS.