O custo de vida interfere cada vez mais no orçamento das famílias e a tendência aponta para uma piora deste cenário nos próximos meses. A inflação oficial do país já passou a meta prevista e a cesta básica acumula alta de 25% em um ano.
Neste campo, é preciso deixar claro, a associação entre salário e custo de vida recaí com mais força sobre os gastos básicos de quem ganha menos. Com os reajustes no gás de cozinha, energia elétrica e nos transportes, interfere sobre toda a produção e logística.
Esses aumentos fazem com que os itens que chegam ao supermercado passem por tabulações de preços consecutivos. Da percepção das pessoas, a confirmação de que o dinheiro vale cada vez menos.
Entre o custo dos alimentos e as incertezas sobre os insumos básicos de produção e logística, se sustenta a grande dúvida: a inflação está controlada? Como o cenário de pandemia alterou todas as projeções e fez com que planos de longo prazo precisassem ser revistos.
Com o descompasso econômico, da renda crescendo menos do que os custos básicos, poucos estão ganhando mais. Não é a indústria, nem mesmo o produtor rural de leite, frango e suínos. Muito menos o trabalhador assalariado. Talvez uma minoria, de exportadores.
Na base desse quadro, o faturamento dos setores é achatado pela condição internacional, de desvalorização do real, maior preço dos insumos básicos (milho e soja), da interferência do petróleo e da crise hídrica no centro do país.
Uma tempestade perfeita que corrói o poder de compra. Tanto que o estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) aponta que o brasileiro completou no mês passado um ano sem ganho real de salário.
Representa que na média, os acordos entre empregadores e funcionários ficaram igual ou abaixo da inflação. Em 2020, com a inflação ainda baixa, houve recomposição. Com a disparada dos preços este ano, os aumentos de salário ficaram abaixo da inflação.
A continuar esse movimento, analistas apontam que o país levará nove anos para conseguir equilibrar as vagas de emprego formal e o salário. Por tudo isso, urge a necessidade de um plano de desenvolvimento econômico nacional, para se reduzir barreiras e criar um ambiente propício para geração de emprego.