Cesta básica representa  quase 60% do salário mínimo

Custo de vida

Cesta básica representa quase 60% do salário mínimo

Estudo do Dieese aponta que o preço dos alimentos acumula alta de 25% em um ano. Perda do poder de compra, dizem analistas, está na inflação, no desemprego e nas despesas de produção. Perspectiva é de continuidade da elevação nos custos para os próximos meses

Cesta básica representa  quase 60% do salário mínimo
(Foto: Renata Lohmann)
Vale do Taquari

Um dos principais balizadores do impacto do preço dos alimentos no bolso dos consumidores, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (Pncba), feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), corrobora a crescente elevação nos custos de vida.

O diagnóstico considera uma lista de 13 itens básicos à sobrevivência de uma família. Feito em 17 capitais, funciona como uma amostragem do comportamento dos preços aos estados e regiões, afirma a economista e professora da Univates, Fernanda Sindelar.

Em um ano, a cesta básica ficou 25% mais cara no RS. A inflação no mesmo período, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, foi de 9,2%. Significa que os alimentos básicos, como feijão, arroz, óleo de cozinha e carnes, subiram quase três vezes mais do que a inflação.

No RS, pelos dados de Porto Alegre, o preço médio do conjunto de alimentos está em R$ 642,33. O salário mínimo nacional é de R$ 1,1 mil. “A cesta básica representa quase 60% do salário mínimo. O que mais preocupa neste momento é o fato de serem itens menos impactados pela sazonalidade da produção, como frutas, verduras e legumes de época”, analisa Fernanda.

O salário mínimo serve de referência para os salários pagos no país. Também é o piso às aposentadorias, pensões e benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), como o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Inflação, energia e combustíveis

Para a economista Fernanda Sindelar, ainda que não haja no Vale do Taquari um acompanhamento oficial da cesta básica local, o que acontece agora é um reflexo da instabilidade do mercado internacional, vista desde o segundo semestre do ano passado, com a desvalorização do real e aumento nos custos de produção.

Junto com isso, há agravantes, com os reajustes na energia elétrica e nos combustíveis. “Os alimentos estão mais caros, mas não é o agricultor e a indústria que estão com mais faturamento. Isso é muito preocupante.”

O motivo para esse alerta se confirma pela tendência de mais elevações nos insumos básicos de produção e logística. “Tudo vai continuar subindo nos próximos meses. A luz, por exemplo, será até dezembro com altas. Não sabemos onde isso vai parar.”

Sobre a pesquisa

A Pncba é um levantamento dos preços de um conjunto de alimentos essenciais. Foi implantada em São Paulo em 1959, a partir dos preços coletados para o cálculo do Índice de Custo de Vida (ICV) e, ao longo dos anos, foi ampliada para outras capitais. Hoje, é feita em 17 estados e permite a comparação de custos dos principais alimentos básicos.

Os itens básicos foram definidos por lei de 1938, critério que regulamenta o salário mínimo no país até hoje. A legislação determinou que a cesta de alimentos fosse composta por 13 produtos alimentícios em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta.

O banco de dados da pesquisa apresenta os preços médios, o valor do conjunto dos produtos e a jornada de trabalho que um trabalhador precisa cumprir, em todas as capitais, para comprar a cesta. Os dados permitem a todos os segmentos da sociedade conhecer, estudar e refletir sobre o valor da alimentação básica no país.

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