300 vezes Você

Opinião

Bibiana Faleiro

Bibiana Faleiro

Jornalista

Colunista do Caderno Você

300 vezes Você

Ouvir histórias sempre foi minha parte preferida do jornalismo. Gosto de conhecer as casas das pessoas, ou quando elas me convidam para sentar na mesa posta para o chá. Gosto desse contato, do olho no olho, do acolhimento, que vem dos dois lados, e de sentir parte daquela vida de alguma forma.

Acredito que quando sentamos para conversar com alguém, é isso o que significamos. Quando estamos dispostos a entrar nas particularidades de alguém, de alguma forma, aquela vida toca a nossa e vice e versa.
Mas não é preciso ser jornalista para ouvir e contar histórias. Essa pode ser também uma atividade cotidiana, não só de outras profissões, mas do ser humano. Ser ouvido é muito raro e ouvir também o é.

Às vezes alguns minutos bastam para que ao contar sua história, alguém possa se sentir melhor, dividir algum fardo que até então carregou sozinho, ou compartilhar pequenas ou grandes alegrias do dia.

Ouvir e ser ouvido é sinônimo de carinho e atenção. É a melhor forma de dizer ao outro que estamos aqui por ele e queremos ao menos escutar sua história. Afinal, naqueles minutos, enquanto tomamos o chá que o outro preparou e o ouvimos, é o nosso tempo que estamos doando. E, hoje, tempo é também raridade.

Sejam inusitadas, de superação ou cotidianas, as histórias que ouvimos ou contamos andam com a gente por todo o lado. Elas estão na senhora sentada na parada de ônibus, no rosto simpático de quem cruza com a gente na rua ou no sorriso de uma criança. Histórias são o que há de mais rico em uma sociedade.

Essas histórias reais e humanas fizeram parte de 300 edições do caderno Você, e não é à toa que esse nome aparece na capa com um rosto diferente a cada semana. E, por trás de cada um deles, alguém sentou para contar uma história, e nós estávamos lá para ouvir.

A riqueza que eu falava antes está aí. Nas coisas que um dia alguém contou pra gente e que de alguma forma nos tocou. As histórias se ligam e se separam, mas são elas que deixam a vida interessante. Ouvir e ser ouvido faz parte do trabalho como jornalista, mas é também um hábito. Daqueles que a gente vicia mesmo, sabe? E quando compartilhamos essas histórias e elas são lidas, quem o faz também transfere carinho e atenção para aquele rosto que abriu sua vida para que a gente pudesse entrar.

Boa leitura!

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