A produção industrial demora para retomar os patamares de antes da pandemia. Muitas linhas de manufatura continuam paradas ou mesmo em um ritmo aquém da demanda. A mais evidente neste contexto é a fabricação de veículos automotores.
Dentro dessa batalha sanitária, em que a covid-19 desafia a todos, um dos segmentos mais representativos da economia nacional lida com necessidades e limitadores impostos pelo desajuste nascido da crise de saúde.
Todo o processo de montagem dos veículos envolve outros diversos segmentos. Passa pelos insumos básicos, como aço, plástico, vidro e borracha, chegando a produtos mais acabados, como componentes eletrônicos.
Neste emaranhado de itens, todos tiveram oscilações. Desde episódios singulares, como um incêndio no Japão, em uma das maiores empresas produtoras de microchips do mundo, até as variações no câmbio, fizeram com que a fabricação de carros, caminhões, caminhonetes e ônibus ficassem até 40% mais caras.
O resultado chega ao consumidor. Mesmo com preços mais altos, concessionárias têm demanda imediata. E, para o desgosto de clientes, a espera pelo novo veículo ultrapassa 120 dias.
No segmento caminhões, essa situação é ainda mais latente. Inclusive abre-se um grande problema para a logística nacional e gaúcha. A retomada econômica, aumento do PIB, para o segundo semestre faz com que se tenha mais necessidade de transporte.
As empresas responsáveis por essa circulação da riqueza, dos produtos, preveem falta de veículos pesados. Algo que já está em curso e que deve ficar ainda mais evidente nos próximos meses. De fato, toda a cadeia de manufatura de veículos tem como peculiaridade a necessidade de matéria-prima.
A previsão de chegada desses insumos dentro dos prazos é fundamental para que se cumpra todo o processo. Não é possível apenas desligar uma máquina, passar para outra etapa e depois voltar. A linha de manufatura deve ser seguida para garantir o produto final.
Em meio a esse desequilíbrio na cadeia produtiva, de toda a incerteza sobre o momento volta da normalidade, fica em aberto a atuação do poder público neste sentido. No histórico, o setor da manufatura de veículos teve diversos incentivos, que resultaram inclusive na universalização do acesso ao automóvel, com recordes de emplacamento entre 2005 e 2013. Será que há espaço para revisões tributárias de auxílio neste momento?