“Goela abaixo” o Vale não aceita

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor editorial e de produtos

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

“Goela abaixo” o Vale não aceita

Se o governador do estado, Eduardo Leite, tiver o mínimo de consideração ao povo que o elegeu e que acreditou no seu discurso da campanha eleitoral, ele vai declinar dessa ideia de “empurrar goela abaixo” este projeto das concessões das rodovias. Está claro e cristalino de que a proposta está mal elaborada e mal acabada. Tenha bom senso, governador, e vamos dar mais tempo para o debate, o estudo e a decisão. Para quem paga pedágio sem ganhar nada em troca faz 23 anos, uns meses a mais não fazem diferença.

Eduardo Leite cometerá erro histórico – político e pessoal – se insistir no formato e no modelo que tem sido adotado até aqui para definir o rumo das rodovias estaduais nos próximos 30 anos. Não se trata de se opor à proposta de concessão. Pelo contrário, acabar com a EGR – que nem deveria ter sido criada – é para ontem. Agora, não adianta acabar com a EGR sem deixar claro o que virá depois dela.

23 anos. Este é o tempo que a região paga caros pedágios para ter rodovias precárias, mal sinalizadas e mal-conservadas. Eduardo Leite, postulante ao cargo de presidente da República, quer mostrar serviço no Rio Grande do Sul para ter exemplos a mostrar país afora. Não há problema nenhum nisso, desde que o governador não passe por cima da SOCIEDADE gaúcha para emplacar sua campanha presidenciável.

Leonardo Busatto, o secretário extraordinário de Parcerias, tem tido postura irretocável ao ouvir e atender a região. Pena que na hora de agir e atender aos pedidos do Vale do Taquari, ele não tenha a mesma presteza. Não adianta falar bonito e dizer que as regiões terão vez e voz para se manifestar se as sugestões são ignoradas.

O posicionamento regional é simples e unânime: não quer a outorga, não quer pedágio físico, quer clareza no projeto e exige obras a partir dos primeiros anos da nova concessão. Quatro questões cruciais e que mudam todo o contexto regional. De novo, governador, o Vale do Taquari não é contra a concessão. Ele é contra esta proposta acintosa e enfadonha que não atende às mínimas expectativas da sociedade regional e se choca com o avanço econômico e o desenvolvimento em curso no Vale dos Alimentos.

Governador, tenha bom senso e evite que tudo isso pare no tribunal e se arraste por longos anos. Precisamos muito que a iniciativa privada assuma as rodovias estaduais, que elas sejam duplicadas e que obras estruturais sejam feitas o quanto antes. Agora, não podemos aceitar que isso se dê a “toque de caixa”, sem os estudos e debates adequados para que estejamos convencidos que a decisão a ser tomada será a melhor para os próximos 30 anos.

A região está convencida e fechada: se o Estado insistir no modelo de concessão apresentado, ação judicial será o caminho para evitar este acinte à sociedade gaúcha. E convenhamos, seria lamentável a região ter que apelar a esta instância em função da total falta de sensibilidade e compreensão por parte do Estado.

Algo está errado quando todos criticam a mesma coisa. Desde o início do debate das concessões, acumulam-se protestos, seja de onde está o pedágio hoje, seja para onde estaria indo. Só isso já é suficiente para percebermos que precisamos aprofundar as discussões a fim de tomar a decisão mais acertada


Desperta, Vale

Toda vez que o Vale do Taquari se depara diante de uma necessidade de mobilização estadual, onde ele precisa ser ouvido no centro do poder da capital, se invoca a pouca representatividade política regional. Com a proposta da concessão das rodovias estaduais não está sendo diferente. Quando do bloqueio da ponte sobre o arroio Boa Vista, na BR-386, idem. E assim, exemplos se amontoam ano após ano.
Em 2022 teremos eleições. Com elas, uma nova oportunidade de aumentar nossa tão falada pouca representatividade em âmbito estadual e federal. O assunto chacoalha os partidos e os propensos candidatos da região, que já peregrinam pelas cidades em busca de “parcerias”.

Sei que vai gerar desconforto, mas na próxima semana vamos listar aqui neste espaço, os nomes dos principais pré-candidatos e com reais possibilidades de se elegerem. De uma vez por todas, precisamos nos unir em torno de alguns nomes locais, fechar questão e decidirmos ter deputado estadual e federal. Digo logo: não busco consenso, respeito quem pensa em contrário, mas não posso me esconder atrás de um discurso de que todos merecem chances, ou que todos podem chegar lá, ou que a política é assim mesmo. Com esse discurso e pensamento, ficamos órfãos a cada eleição.
Desperta, Vale. Vem mobilização por aí.

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