Fábricas ressurgem das cinzas

EM MATO LEITÃO

Fábricas ressurgem das cinzas

Duas maiores empresas de Mato Leitão, Beira Rio e Biscobom foram destruídas pelo fogo, paralisaram atividades e voltam a operar em 2021. Juntas, geram cerca de 230 empregos diretos

Fábricas ressurgem das cinzas
Biscobom interrompeu atividades após incêndio em fevereiro. No começo de julho, voltou a operar com 50 funcionários (foto: Mateus Souza)
Vale do Taquari

Em pouco mais de um ano, Mato Leitão enfrentou o momento mais difícil das quase três décadas de emancipação. Além dos desafios e restrições impostas pela pandemia, o município foi abalado com incêndios em duas de suas maiores empresas. Agora, passados um ano e quatro meses do primeiro sinistro, o momento é de retomada econômica.

A Calçados Beira Rio, maior empregadora da cidade, reabriu sua fábrica em abril de 2021, após um ano de reconstrução. Já a Biscobom Alimentos retomou a produção no último dia 5, menos de cinco meses depois das chamas consumirem dois pavilhões. Juntas, empregam cerca de 230 trabalhadores.

Prefeito pelo quarto mandato em Mato Leitão, Carlos Alberto Bohn encara um período desafiador na administração municipal. “Foi um impacto muito grande, pois são as duas maiores empresas em termos de ICMS. Toda a cidade foi afetada. Aos poucos, as coisas estão se ajustando”, afirma.

Ter as duas fábricas operando traz um alívio para a economia de Mato Leitão. Nisso, Bohn elogia as duas empresas por seguirem no município. “Na noite do incêndio da Beira Rio, o diretor esteve aqui e já mostrou pré-disposição em retomar. Em um mês firmamos o contrato e aprovamos o incentivo em julho. Foi muito rápido”, destaca.

Bohn acredita que haverá uma queda no retorno de ICMS em virtude dos incêndios. Mas evita fazer projeções. “Há empresas ampliando suas operações, outras se instalando no município”, frisa.

“Voltar ao ponto de onde paramos”

Sócio-gerente da Biscobom Alimentos, Evanir Diehl, 57, diz que há boas perspectivas com a retomada da produção. Num primeiro momento, a empresa contratou 50 funcionários, a maioria de trabalhadores que atuavam no local antes do incêndio.

“Temos construções a fazer, dos pavilhões afetados pelo incêndio. Pensamos em ampliar nossas atividades, mas primeiro queremos voltar ao ponto onde paramos, para depois buscar um crescimento, novos mercados”, salienta Diehl, que administra a empresa ao lado de Ademir Zamin, também sócio-gerente. Hoje, a fábrica produz 70% do que era feito até antes do incêndio.

A Biscobom fabrica biscoitos laminados, recheados e wafers de duas marcas e trabalha no lançamento de uma nova marca, que leva o nome da empresa. A intenção é inseri-la no mercado interno, que abrange os três estados do Sul.

O incêndio atingiu os pavilhões onde funcionavam duas linhas de produção, a área de estoque de produtos prontos e depósito de matéria-prima e embalagens. “Não tínhamos nenhum norte naquele momento. Mas nossa ideia, desde o início, era retomar a fábrica. Foram quatro meses de preparativos”, recorda.

Investimento de R$ 15 milhões

O dia 9 de abril é marcante para a Calçados Beira Rio, com a reinauguração da fábrica. Maior geradora de impostos ao município, a empresa investiu R$ 15 milhões na planta, que tem capacidade produtiva de 25 a 30 mil pares de sapatos por dia.

Em relação à antiga fábrica, a novidade é que os sapatos já vão cortados para os ateliês terceirizados, o que traz maior agilidade ao processo.

(foto: divulgação)

Área industrial

Para atrair investimentos, Mato Leitão oferece políticas de incentivos industriais. Ao todo, são 21 empresas beneficiadas no município. Na área industrial, a quinta empresa está pronta para se instalar, a Balcão de Eletros, braço da Venax, de Venâncio Aires.

“Será um depósito, escritório e showroom. No início, começam com 10 empregos, mas com projeção de ampliações”, revela o prefeito Carlos Bohn. Segundo ele, a questão logística facilita a atração de empresas para o distrito, que fica às margens da RSC-453.

Dois incêndios em um ano

17 de março de 2020: Enquanto as atenções do mundo se voltavam ao novo coronavírus, Mato Leitão vivia um drama particular. Por volta das 2h, um incêndio na fábrica da Beira Rio acordou parte da população urbana. Foram necessárias quatro horas e meia, quatro caminhões e 10 profissionais dos Bombeiros de Venâncio Aires e Lajeado para controlar as chamas. Como consequência, além da perda de 90% da estrutura, cerca de 700 funcionários foram demitidos.

23 de fevereiro de 2021: Pouco mais de um mês antes da Beira Rio retomar suas atividades, outro incêndio abalou Mato Leitão. E, novamente, numa das maiores empresas da cidade. A fábrica da Biscobom Alimentos, fundada em 1999, sofreu um grande prejuízo em pleno momento de expansão. As chamas, que iniciaram por volta de 12h30min, deixaram a estrutura comprometida. A empresa contava com 80 funcionários.

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