O incêndio que destruiu a sede da Secretaria Estadual de Segurança Pública do RS na noite dessa quarta-feira preocupa as autoridades regionais do setor. O sinistro deixou em alerta as equipes locais durante a madrugada para a eventual necessidade de reforços.
A dimensão das perdas ainda é analisada pelos órgãos governamentais. O prédio abrigava a parte administrativa do Departamento de Comando e Controle Integrado (DCCI), do Instituto Geral de Perícias (IGP), da Susepe e do Detran.
Impacto regional
Entre os motivos de apreensão das autoridades do Vale está o Centro Integrado de Operações (CIOp) Regional Lajeado. De acordo com o comandante regional da Brigada Militar, tenente-coronel Douglas da Rosa Soares, alguns materiais viriam da SSP, como vinte monitores de espelhamento das câmeras de segurança. “Mas essas são questões podem ser contornadas, podemos utilizar nossa própria estrutura para dar prosseguimento”, garante.
Soares garante que o atendimento na região não será afetado. “As regiões têm autonomia e independência para a sua gestão e processos”, esclarece.
Durante a madrugada, a equipe regional ficou em alerta caso Porto Alegre precisasse de reforços, o que não aconteceu. A rotina operacional e administrativa segue normalmente na região. Lapso nos atendimentos pelo 190 durante a madrugada atingiu somente Porto Alegre e foi restabelecido por volta das quatro horas da manhã.
A Secretaria de Segurança Pública do município afirma que ainda não é possível saber se a região terá seus serviços afetados, e que aguarda o levantamento do Estado. Serviços que ainda dependem de documentação física podem sofrer prejuízos, como consulta de veículos e de pessoas, autos de infração, protocolos físicos, como despachos e pedidos.
Delegada regional da Polícia Civil, Shana Luft Hartz diz que o prédio da SSP na capital funcionava como base administrativa, enquanto a base operacional da Polícia Civil fica no Palácio de Polícia.
“Estamos todos abalados com o que aconteceu, há um sentimento de pertencimento. Eu mesma trabalhei quase dois anos no prédio da SSP. Temos vários colegas que trabalham lá dentro e estamos preocupados com os bombeiros desaparecidos”, conta.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do estado, o fogo destruiu bens materiais como equipamentos e móveis. Já a documentação administrativa é digitalizada e o banco de dados da fica situado na Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Procegs).
Bombeiros desaparecidos
Incêndio foi controlado na manhã dessa quinta-feira e dois bombeiros que trabalhavam no combate às chamas seguiam desaparecidos até o fechamento desta edição. Polícia Civil abriu inquérito para investigar as causas do incêndio, e o complexo ainda apresenta risco de novos desabamentos. Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) do prédio já havia sido aprovado pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBM) em 2018 e estava em processo de implementação.
O que pode ser afetado
- Serviços que ainda dependem de documentação física
- Consulta de veículos e de pessoas
- Autos de infração
- Protocolos físicos
- Despachos e pedidos
O que funcionava no prédio
- Departamento de Comando e Controle Integrado (DCCI)
- Instituto Geral de Perícias (IGP)
- Susepe
- Detran
- Gabinetes e auditórios
Entrevista
Ênio Bacci – Diretor-geral do Detran
• Um dos órgãos mais impactados é o Detran, com a queima de 95 mil processos de multas. Bacci concedeu entrevista ontem à Rádio A Hora 102.9
“Nossa intenção é arquivar essas multas”
• Qual é a situação agora em relação ao incêndio?
Realmente é um momento trágico, a tristeza é muito grande nos funcionários e em toda a população. Era um prédio histórico, lamentavelmente o incêndio acabou arrasando tudo. De qualquer forma, o que estamos pensando agora é que desse limão, se possa fazer uma limonada. Que possamos construir um Detran 100% digitalizado, acabando com o papel. Isso vai dar um um Impulso para implementar esse projeto que também parte do governador Eduardo Leite.
• As circunstâncias desse incêndio já foram apuradas?
Já é confirmado que o incêndio começou no quarto andar, onde os funcionários da Susepe perceberam fumaça no teto. Se imagina que o incêndio não tenha sido criminoso, uma vez que começou em um local onde tinham 40 funcionários trabalhando. Como não há nenhuma instalação de gás no prédio, só pode ter vindo da parte elétrica. Se imagina que algum curto tenha sido a causa, mas aguardamos a avaliação da peŕicia e o inquérito policial para obtermos uma resposta.
• Quais são os prejuízos imediatos para o Detran?
As notícias são positivas: 99% dos serviços não foram afetados. Continuam os serviços normais de habilitações, os exames, aulas, registro de veículos, emplacamento, transferências. Isso em função do alto grau de virtualização que já existe no Detran. Onde houve prejuízo: esse incêndio queimou 95 mil processos que estavam fisicamente no Detran e são processos que não podem ser recuperados. Pelo sistema, sabemos quem ingressou com esses processos e recursos. Estamos aguardando parecer da Procuradoria-Geral do Estado e nossa intenção é arquivar essas multas, porque nós entendemos que o cidadão não pode ser prejudicado, ele está recorrendo, tentando justificar que a multa que acredita não ser justa. Ele não pode ser punido por algo que não tem culpa.