A produção de alimentos para o autoconsumo pode economizar até R$ 19 mil nos bolsos de uma família de quatro pessoas que vive no meio rural. Os dados são de uma pesquisa do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Teutônia, apresentados durante o 5º Encontro Regional de Jovens Rurais do Vale do Taquari.
Mais de 20 variedades de produtos fizeram parte da análise. Entre eles, feijão, carne, frutas e verduras, que podem ser produzidos na propriedade rural. Segundo a extensionista rural social da Emater, Letícia Mairesse, o intuito da pesquisa é mostrar para estes jovens e suas famílias que eles podem economizar dinheiro com o que têm à disposição em casa.
“Muitas vezes eles não dão valor ao que têm no quintal. Mas esse é um dinheiro que eles podem economizar sem perceber, já que gastariam mais de R$1,5 mil todo mês comprando esses mesmos produtos no mercado”, diz Letícia.
No evento os jovens também foram incentivados a diversificarem a produção nas suas propriedades. Uma destas jovens que permanece no campo é Jaine Sprandel. Além de trabalhar na área, ela é coordenadora regional dos jovens rurais. Na avaliação dela, mais pessoas estão voltando para o campo, possibilitando assim o processo de sucessão familiar.
“Quem foi para a cidade, para estudar e se aperfeiçoar, está retornando para o meio rural. E eventos como esse possibilitam a troca de experiências e a conversa com outros jovens que estão na mesma situação que a nossa. Expomos a nossa realidade, as dificuldades e as conquistas”, diz Jaine.
Entrevista
Jaciara Muller • secretária geral da Fetag/RS e coordenadora da juventude
• Os desafios e as perspectivas para a permanência do jovem no campo são pontos da entrevista com a coordenadora estadual da Fetag/RS, Jaciara Muller. Em todas as regiões, a federação dos trabalhadores da agricultura familiar promoveu eventos em parceria com a Emater/RS-Ascar em valorização ao Dia Estadual da Juventude Rural, celebrado nesta quinta-feira, 15.
• O que os jovens têm a celebrar nesta data?
Celebrar esta data é valorizar a atuação dos jovens. É incentivar para que permaneçam no meio rural, vivenciando os desafios do dia a dia e busquem autonomia para a sucessão rural. Muito já se conquistou, mas ainda há por fazer, principalmente quando se fala em políticas públicas.
• Quais as necessidades para a permanência e investir no campo?
As necessidades são muitas, mas podemos destacar a importância da internet na vida do jovem, principalmente como ferramenta de socialização e busca de conhecimento. Além disso, precisamos de melhores condições de trabalho e, um dos fatores, é a situação das estradas para o escoamento da produção.
• Qual a perspectiva de trabalho e renda no meio rural?
Sabemos da dificuldade de permanência dos jovens do meio rural justamente na questão financeira. Não é de entendimento dos pais pagar seus filhos pelo trabalho, ou ainda, dividir os lucros. Muitas vezes não há uma compreensão sobre a troca de cultivo na propriedade, o que pode fazer a diferença na renda da família.
• Há um movimento de retorno às propriedades rurais?
Agora, durante a pandemia, muitas oportunidades na cidade se fecharam, com isso, o jovem está retornando à propriedade. É um movimento importante também para a qualidade de vida oportunizada no meio rural, longe de aglomerações e menor risco de contágios.
• Os jovens assumiram o protagonismo e avanços na gestão compartilhada?
Aqueles com maior conhecimento em tecnologia assumem o protagonismo nas propriedades e auxiliam na gestão. Isso é possível quando conseguem mostrar aos pais que são capazes para a função.