Como o Caco Marin começou na fotografia?
Eu comecei com um convite de uma jornalista para fazer uma fotografia, acompanhando ela em uma pauta. Foi aí que eu comecei profissionalmente. Mas eu fiquei na fotografia porque era um mercado muito promissor. No início dos anos 2000, a fotografia estava passando por uma revolução, que era a transição do analógico para o digital. Eu comprei uma câmera digital e todo mundo precisava de fotografias digitais, então começaram a aparecer oportunidades. Sempre gostei de fotografia, então eu comecei a estudar para aprender mais sobre a área. Então, eu fiquei não só pela questão financeira, mas também porque a fotografia é algo que me completa.
Como a fotografia impacta a tua vida?
Existem Cacos diferentes. O Caco é empresário da fotografia, aquele que planeja questões financeiras, as estratégias de mercado. E tem outro Caco que é o pai da Teresa, que é o cara que tá montando o berço. O cara que já tá pensando onde a gente vai botar todas as fraldas. Eu consigo desligar o Caco empresário. Mas eu não consigo desligar o caco artístico, aquele que vê fotografia em absolutamente tudo. Quando nós vamos pendurar quadros em casa, eu levo em consideração a regra dos terços na parede. Tem coisas que eu não consigo mais desligar. E eu sou muito grato por isso, porque a fotografia permitiu que esse cara múltiplo fosse muito mais sensível, que ele não fosse estranho aos sentimentos ou a sensibilidade das narrativas poéticas, visuais e pessoais e da vida. A fotografia foi uma ferramenta de construção profissional e pessoal. Principalmente pessoal. Hoje, eu devo muito a quem eu estou me tornando, que é um processo.
De qual fotografia tu mais te orgulhas?
A minha última fotografia sempre é a minha melhor fotografia. E esse é um aprendizado que eu trago faz bastante tempo. Na fotografia a gente produz muita coisa, e nem sempre conseguimos produzir algo que seja incrível, excepcional. Então, o objetivo não é sentar sobre um trabalho antigo, a ideia é sempre ir para o próximo trabalho. Então, é sempre a última fotografia. E a minha última foto é uma fotografia da Sami, minha esposa, sentada ao sol, perto das nossas cachorras, com a barrigona já de três meses de gestação. Então, a foto que hoje eu tenho, que é a minha melhor foto, é essa, é a da minha família.
Você está lançando um livro financiado de forma colaborativa. Como foi esse processo?
Voltar para Lajeado como fotógrafo, criar raízes aqui, foi uma decisão que me assombrou por muito tempo. Porém, quando eu fiz o livro Céu, percebi que criei um problema que não existia. Quando eu lancei o projeto do financiamento coletivo do livro eu fui abraçado pela minha comunidade de uma forma que eu quero que todos sejam abraçados em momentos difíceis. É uma sensação que me permitiu crescer como pessoa com muita humildade. O livro foi proposto durante uma pandemia, então o processo foi uma luz linda durante um momento tão escuro da nossa história, um momento de tantas perdas. Foi um processo de muito aprendizado, tanto profissional, quanto pessoal. Esse assombro que eu tinha, se voltar para Lajeado profissionalmente tinha sido uma decisão acertada ou não, acho que tá bem respondido, foi uma felicidade.