Jovens ampliam debate sobre o trabalho no campo

Encontro regional

Jovens ampliam debate sobre o trabalho no campo

Evento regional em Teutônia celebra o Dia Estadual da Juventude Rural na terça-feira, 13

Jovens ampliam debate sobre o trabalho no campo
Douglas e Tobias, de Teutônia, são a quarta geração da família Lamb na atividade leiteira (Foto: Felipe Neitzke)
Vale do Taquari

Douglas, 29, e Tobias, 24, são a quarta geração da família Lamb na atividade leiteira. Desde a infância, o meio rural cativou os jovens e os fez investirem na propriedade, em Linha Germano, no interior de Teutônia.

Os pais já haviam perdido o encanto pela agricultura. Eles trabalhavam em uma fábrica de calçados, que fechou em 2006. Esse foi momento decisivo para repensar a atividade agrícola da família. “Fiz curso técnico em agropecuária e implantamos um aviário”, lembra Douglas.

Hoje a família concilia a unidade com 30 mil aves o plantel de 25 vacas em lactação, produzindo em média 600 litros de leite ao dia. “Nunca pensei em sair daqui, sempre sonhei em fazer a diferença e ganhar dinheiro com o que já era nosso”, conta o jovem agricultor.

A determinação dos irmãos Lamb inspiram jovens da região e será contada durante evento alusivo ao Dia Estadual da Juventude Rural, celebrado em 15 de julho. A data criada em 1999 tem por objetivo ampliar a discussão sobre a importância dos jovens e seu trabalho no campo.

Outro exemplo de dedicação no campo vem do município de Progresso. Acxel Piffer, 25, reside na localidade de Alto Honorato. Aos 18 anos, saiu de casa em busca de qualificação profissional. Retornou para a propriedade da família em 2018, onde construiu estufa de morangos, ampliando a atividade no ano seguinte.

Hoje a família mantém a produção de tabaco, cerca de 60 mil pés de fumo, além da produção leiteira e cultivo de hortifrutigranjeiros. “Já investi cerca de R$ 150 mil. Trabalhar no campo não é fácil, sempre aparecem desafios, mas com planejamento e gestão é possível superar”, cita Piffer.

Acxel Piffer, de Progresso, retornou à propriedade onde se dedica ao cultivo de morangos (Foto: Divulgação/Tiago Bald)

“Agricultura é um estilo de vida”

O principal desafio para a juventude rural é a carência de políticas públicas, aponta a coordenadora da comissão regional, Jaíne Sabrina Sprandel. Segundo ela, há uma dificuldade de acesso aos programas, seja de crédito ou a qualificação.

“Hoje se um jovem quer adquirir uma área de terra é muito difícil”, atenta Sprandel. Jaíne, 24, reside em São Jacó, interior de Teutônia e conhece bem a realidade do campo. Ela trabalha com os pais na atividade leiteira e concilia os movimentos sindicais.

Reconhece a importância de se atualizar e obter conhecimento. “A globalização das cadeias produtivas requer constante evolução, pois se não, fica para trás”, comenta Jaíne.

Em busca de qualidade de vida, Jaíne optou por permanecer na propriedade. “A agricultura é um estilo de vida”, resume. Para ela, produzir alimentos de qualidade e meio à natureza é uma experiência que apenas a agricultura familiar possibilita.

“A cultura de produzir o próprio alimento se perdeu. Precisamos resgatar este hábito”, defende. Neste sentido, cita o encontro regional, incentivando a produção para o autoconsumo e oportunidades para o jovem permanecer na agricultura.

Jaíne Sprandel, de Teutônia, Coordena a comissão regional da juventude (Foto: Arquivo pessoal)

Encontro regional

O município de Teutônia sedia na terça-feira, 13, a quinta edição do Encontro Regional de Jovens Rurais do Vale do Taquari. Organizado pela Emater/RS-Ascar, Comissão Regional de Jovens Rurais e Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS), o evento ocorre na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), a partir das 9h30min.

Devido as restrições impostas pela pandemia, apenas dois jovens por município poderá participar das atividades presencias. Na ocasião haverá atividades de integração, palestras sobre agricultura familiar e produção para o autoconsumo, relatos de experiências com os jovens e visita à propriedades rurais.

Conforme a extensionista social da Emater, Elizangela Teixeira, o objetivo é sensibilizar e estimular o jovem para o tema de sucessão rural, buscando o fortalecimento de sua atuação no campo. “São muitos os desafios e uma ação como essa, reforça o compromisso das entidades na busca por uma agricultura familiar mais forte, que gere renda e qualidade de vida”, comenta.

A extensionista reforça ainda a importância da promoção de momentos de reflexão sobre a identidade cultural do jovem rural, sendo também a oportunidade de ouvir propostas, debater o acesso a políticas públicas e apontar possíveis encaminhamentos sobre o tema.

Entrevista

Elizangela Teixeira, extensionista social da Emater/RS-Ascar, regional de Lajeado

– Qual a importância do Dia Estadual da Juventude Rural?

Queremos fortalecer e incentivar a permanência dos jovens no meio rural. A data é um momento de reflexão, avaliação e proporcionar a troca de experiências. Aqui em nossa região, faremos um evento híbrido, devido à pandemia, para proporcionar estes momentos.

– Quais os motivos do êxodo rural na juventude?

A falta de diálogo entre os jovens e seus pais é um dos fatores que levam à este cenário. Quando não é bem definido quais as tarefas e a remuneração, o jovem procura um trabalho fora para ter a gestão do seu dinheiro. Outro fator é a falta de qualificação e políticas públicas para apoiar o jovem agricultor.

– Como trazer o jovem de volta à propriedade?

Nos últimos anos, houve um movimento significativo de jovens retornando ao campo. A tecnologia é um aliado neste processo, pois a internet oferece inúmeras oportunidades, principalmente sobre ensino a distância. O jovem consegue estudar sem sair de casa e desenvolve maior interesse pela atividade rural. Além disso, nossa região tem grande potencial produtivo e representa qualidade de vida.

– O que a Emater faz para atender e incentivar a juventude rural?

Os extensionistas de cada município tem este olhar para incluir jovens nas políticas públicas e de fomento. O trabalho consiste em identificar oportunidades, pois nem todos tem uma atividade para dar sequência ou o devido conhecimento para produção seja de hortifrutigranjeiros, aves, suínos, bovinocultura leiteira, entre outros setores.

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