Após queda, preço do milho volta a subir

Variação momentânea

Após queda, preço do milho volta a subir

No início de junho, saca de 60 quilos estava na menor cotação do ano, em R$ 77. Passados 15 dias, já supera os R$ 80

Após queda, preço do milho volta a subir
Indústrias traçam alternativas para substituir o milho na nutrição animal (Foto: Divulgação/Leandro Hamester)
Estado

A baixa nos preços do milho entre junho e julho é considerada momentânea e não dita uma tendência para os próximos meses. Essa variação ocorreu, principalmente, por três fatores: importação de milho transgênico dos EUA; recuos na taxa de câmbio; e entrada da safrinha brasileira.

Esses fatores imprimiram, mesmo que por um curto período, uma nova tônica no movimento de preços da commoditie. Conforme o analista da Embrapa, Ari Jarbas Sandi, também há relações com a política de agroenergia dos EUA, os biocombustíveis. Isso pressiona os preços internacionais, principalmente contratos futuros negociados na Chicago Board of Trade (CBOT).

“A importação de milho dos EUA mexeu fortemente com o movimento especulativo, que, associado à baixa disponibilidade interna de milho sustentava fortes altas desse grão”, avalia Sandi, analista da área socioeconômica.

A quebra de safra, oriunda de problemas climáticos em SC e PR, repercute novamente na oferta e disponibilidade interna de milho, forçando mudanças nas formulações de rações para aves e suínos. “Possivelmente as cadeias produtivas dessas proteínas animais, buscarão alimentos alternativos como arroz, trigo, sorgo e triticale”, observa Ari Jarbas.

Conforme o analista da Embrapa, não há como precisar as tendências do preço do milho, contudo, afirma não recuar aos preços de outrora, quando comercializado a R$ 35,00 a saca de 60 quilos. “Sobre preços futuros, para arriscar qualquer palpite, é preciso muita solidez de cálculos matemáticos e estatísticos”, comenta Sandi, observando a recuperação de preços do grão.

Alojamento de aves

Durante a semana, a indústria de alimentos Vibra anunciou a retomada de contratações e alojamento de aves em integradores da região. No início do ano, a empresa suspendeu as operações por conta do alto custo de produção, influenciado pela cotação do milho.

Decisão similar adotada pela Languiru, agora é revertida conforme anuncia o presidente da cooperativa, Dirceu Bayer. Segundo ele, a partir de julho, será retomada toda a produção de aves. Alguns produtores deixaram de alojar, mas foram remunerados neste período pela cooperativa.

“É mais barato deixar o aviário parado e continuar pagando o produtor. Isso é um ato que acontece em uma cooperativa que tem compromisso com seu associado”, reitera Bayer, projetando o abate diário de 130 mil aves.

Para retomar a produção aos níveis anteriores, a cooperativa garantiu o estoque de milho. “Compramos o suficiente até fevereiro de 2022 e com preço inferior ao cotado no mercado”, afirma o presidente da Languiru.

Valorização do milho

Enquanto que a valorização do milho impacta de forma negativa os custos de produção do setor das carnes, por outro lado, o produtor de grãos e exportador de commodities celebram os resultados.

Conforme o presidente da cooperativa Arla, Orlando Stein, o desempenho do último ano superou todas as expectativas, apesar da safra impactada pela estiagem. O alívio veio com a boa colheita de 2021 e ótima valorização do milho e da soja.

Com a crescente demanda de mercado, a Arla duplicou o recebimento de grãos e fez investimentos em fábrica de rações em Cruzeiro do Sul e unidade de recebimento de grãos no município de Vale Verde.

Hoje com 2,3 mil associados, a cooperativa projeta ampliar a unidade de insumos. “Nossa parceria com o produtor garante a constante evolução e investimentos para aumentar a produtividade”, observa Stein.

Para 2021, a cooperativa Arla deve crescer 20%. As projeções consideram o novo cenário do agronegócio e as oportunidades na produção de grãos. Uma das apostas também é o cultivo de trigo. “A área de trigo praticamente dobrou no Vale do Taquari e se tornou uma boa alternativa para a cultura de inverno”, acrescenta Orlando.

Inclusive, levantamento do Cepea mostra que os preços do trigo já reagiram nos últimos dias. O cereal é visto como alternativa para amenizar custos de produção da nutrição animal. “A oscilação de preços do milho e, também do trigo, é um movimento já esperado”, reforça o presidente da Arla.

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