“Me tornei muçulmana por livre escolha”

ABRE ASPAS

“Me tornei muçulmana por livre escolha”

Jaqueline El Moutaqi, 43, é moradora de Lajeado e nasceu em uma família católica. Aos 18 anos, conheceu o marido, imigrante vindo do Marrocos. O islamismo fez mais sentido para Jaqueline, que passou a seguir a religião. Há um ano e meio, ela começou a usar o lenço.

“Me tornei muçulmana por livre escolha”
(foto: Bianca Mallmann)
Vale do Taquari

Como foi que você começou a usar o lenço?

Eu comecei a usar em maio do ano passado. O principal foi um amadurecimento espiritual. Eu passei a usar o lenço para me identificar, como uma forma de identidade.

Quando você se converteu ao islamismo?

Eu tinha 18 anos e conheci o meu esposo. Ele é marroquino, mas eu me tornei muçulmana por livre escolha. Foi uma opção minha, eu não fui obrigada a nada. O muçulmano pode casar com pessoas de outras religiões, desde que acredite em Deus. Assim como o uso do véu, o “hijab”, foi uma opção minha.

Você seguia outra religião antes?

Eu nasci em uma família católica, meus pais são católicos. Minha família católica. Eles nunca me falaram nada sobre a minha escolha. Se pode ou não, mas para mim foi uma questão de identificação. Eu me identifiquei mais quando eu fui conhecer mais a religião muçulmana.

Quais questões foram importantes para tua identificação?

Para mim, são várias questões que eu não entendia antes. Ou que talvez não foi me explicado. Mas a relação familiar, o respeito em relação a outras pessoas. Isso é o mais importante. O tratamento com os pais, a família. As obrigações que cada um tem que ter perante a sociedade. A responsabilidade que todos os atos têm consequência. O cuidado, em questão das idades. De respeitar o pai, a mãe, a família, a hierarquia, o que fala muito de educação.

Como são as rezas ou cultos no islamismo?

O muçulmano tem obrigação de fazer cinco orações diárias. São orações rápidas, não é demorado. Tem a opção de ir à mesquita, quem tem por perto. Quando não se tem uma mesquita pode ser feita uma oração em qualquer lugar que esteja limpo. Não precisa ser na Mesquita, nós vamos raramente. As mesquitas mais próximas são em Passo Fundo ou em Porto Alegre. A gente está tentando colocar aqui uma sala de oração. Meu esposo que está mais envolvido nesta parte. Porque agora tem mais muçulmanos na cidade. Antes eramos nós e uma outra família.

Quando você começou a usar o lenço, percebeu que as pessoas olhavam diferente?

Sim. As pessoas olham. Acho que é normal. Eu já me preparava para isso, quando eu decidi usar o lenço. Meu marido me perguntou “Você está preparada para usar o lenço?” Eu disse que se eu esperasse estar preparada, nunca faria. Foi uma escolha que eu fiz. As pessoas olham, algumas reconhecem, outras não. Com a máscara também está mais difícil. Algumas pessoas já sabiam que eu era muçulmana. Às vezes acontecem algumas coisas engraçadas e a gente comenta em casa.

Você se lembra de alguma história engraçada?

Eu fui abastecer o carro. E o rapaz, do posto de gasolina, perguntou para mim se no meu país a gasolina era cara que nem aqui. Eu falei para ele que no meu país era realmente muito cara a gasolina.

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