Desemprego aumenta, mas sobram vagas de emprego. Que paradoxo é esse? Essa é a pergunta que empresários da região se fazem todos os dias. Das mais complexas necessidades em TI para uma vaga básica de atendimento em uma loja, o Vale do Taquari carece de pessoas aptas a aproveitar as oportunidades que o mercado de trabalho oferece.
Desconheço alguma empresa que não esteja com alguma vaga aberta em seu quadro neste momento. “Se tivesse profissional pronto eu contrataria na hora”, endossam empresários em coro.
A formação de pessoas, desde o ensino básico, especialmente o médio até o ensino superior, precisa se readequar à realidade. Esta semana, entrevistei o professor Ney Lazzari, ex-reitor da Univates e atual presidente da Fuvates, e falamos sobre o tema. De 9 mil, o número de alunos do ensino presencial reduziu para menos de 4 mil, enquanto o EAD absorveu cerca de mil. Mais de 4 mil ficaram pelo caminho ou procuraram modelos alternativos que, por sorte, têm aumentado. A drástica redução força uma inadiável cirurgia na Univates, que começou no fim de 2019 e ainda não terminou.
A Univates começará a oferecer cursos rápidos, sem qualquer titulação ou graduação, mas que estejam conectados com a necessidade das empresas. E para saber as demandas das empresas, a Univates está ouvindo os empresários. Bingo! As empresas não precisam de “canudo”. Elas precisam de quem saiba, ou ao menos esteja disposto a aprender.
Outra coisa, disse Ney Lazzari, já não podemos ignorar o comportamento como critério de formação. “As pessoas são contratadas pelo seu LinkedIn e são demitidas pelo seu Facebook”, observa Lazari. “O aluno que chega sempre atrasado precisa ser enquadrado, afinal, onde ele conseguirá emprego desse jeito”. É verdade. Está na hora das universidades avançarem sobre este tema. De nada adianta uma enciclopédia nas costas, diria o colega Adair Weiss, se o sujeito não tem comportamento condizente e disposição para encarar a prática do dia a dia. Vamos combinar, ou as universidades encaram isso de frente ou vão continuar perdendo alunos a rodo.
Pelo que disse Ney Lazzari, a Univates acordou e vai começar a mudar seu modelo de formação nas áreas em que o formato atual está insuficiente.
Bafo na nuca deu efeito
Desde que o governo estadual apresentou a proposta de concessão das rodovias à iniciativa privada, o Vale do Taquari entrou numa cruzada para incluir no pacote as mudanças que considera vitais.
Leonardo Busatto, o secretário extraordinário de Parceria do RS, que tem liderado o processo, já admite a inclusão de várias demandas regionais na nova proposta. Em entrevista à Rádio A Hora 102.9, nessa sexta-feira, o secretário falou que virá mais uma vez ao Vale do Taquari nas próximas semanas para sentar com prefeitos e empresários para alinhar o projeto e incluir aquilo que for viável. Busatto sabe que não conseguirá consenso, mas também sabe que se o Estado não for sensível às reivindicações locais, os protestos e cobranças que já foram feitos aumentarão.
De olho na área do DAER
O município de Lajeado propõe ao Estado construir o viaduto na ERS-130, próximo ao trevo da BRF, em troca do terreno onde está atualmente o Daer, em área nobre no centro da cidade. Uma proposta já está na câmara de vereadores para ser apreciada e já tem conversas bem alinhadas com o governo estadual.
Duas coisas: 1º) por que o município construiria uma obra dessa dimensão agora se a concessão da rodovia está para sair e obras de arte estarão contempladas?
2º) se de fato ocorrer a negociação e o município assumir o terreno do Daer, é bom que o governo defina bem o que quer do local. Se for repassar à iniciativa privada – o que parece o mais lógico –, é bom que isso se dê da forma mais transparente e justa. Desde que a proposta chegou à câmara, cresceu o olho de investidores e empreendedores. Por ser nobre e muito bem localizada, não faltarão interessados em colocar a mão nesta área que hoje não é nada mais do que um depósito de sucatas.