O começo das obras de duplicação nos trechos do Vale do Taquari seriam pela RSC-453 e pela ERS 128 (Via Láctea). Pelo menos é o que consta no primeiro plano do Estado frente ao pacote de concessões.
A apresentação dessa possibilidade foi suficiente para um embate entre líderes dos municípios. Para alguns, priorizar obras naquele ponto não se justifica, pelo fato do município não ser atingido de forma direta pela cobrança da tarifa.
Em outro lado, é necessário contemplar a rodovia por ter sido esquecida dos investimentos públicos e dos pedágios há pelo menos 20 anos. “Somos a segunda força econômica da região. Mesmo sem ter pedágios, para nós é justo recebermos investimentos dos pedágios. Não é um privilégio, é uma necessidade”, ressalta o presidente da Câmara da Indústria e Comércio de Teutônia, Airton Kist.
A infraestrutura rodoviária atual não comporta o alto fluxo, ressalta. Para Kist, o movimento no distrito industrial, associado ao trânsito local e da própria rodovia, dificulta os deslocamentos em horários de pico. “Temos de entender que não são obras só para Teutônia. Vai trazer melhorias para a cidade sim, mas também para o desenvolvimento da região”.
Para a Via Láctea, o estudo feito pelo Estado e pelo BNDES projeta mais de R$ 31,7 milhões para duplicar 11 quilômetros. Como se trata de um percurso em que a rodovia estadual corta a cidade e é usada como principal acesso entre os três bairros, há melhorias como rótulas e acessos na ordem de R$ 21,6 milhões.
Também entram no trecho de Teutônia duplicações de trechos da Rota do Sol (RSC-453). No geral, o total de investimentos previsto no plano de concessões alcança R$ 173 milhões. O novo sistema de pedágios do RS faz parte do Avançar RS. São mais de 1,1 mil quilômetros, com expectativa de aplicar R$ 10,4 bilhões. As rodovias do Vale aparecem no lote 2 junto com estradas de Passo Fundo, Carazinho até Santa Cruz do Sul. Nestes trechos, a previsão é investir R$ 3,9 bilhões.
“Ter pedágio não é argumento”
Para o presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Codevat), Luciano Moresco, Teutônia está bem contemplada com obras previstas pelo plano de concessões. Frente ao embate de líderes municipais quanto aos motivos para a priorização de termos sem a interferência da cobrança, argumenta: “ter pedágio não é argumento. Se formos ver isso, Lajeado também não tem praça.”
O principal estranhamento dele é quanto aos prazos para obras. “Devemos começar no pior trecho, que é a 130, entre Arroio do Meio e Lajeado.”
A forma para encerrar essa discussão sobre usar ou não a arrecadação dos pedágios em rodovias sem tarifa seria implementar a cobrança por quilômetro rodado (o chamado free flow), defende Moresco.
Essa ideia também é destacada pelo presidente da CIC Teutônia. Para Kist, haveria mais justiça na cobrança pelo uso da rodovia.
Incentivo à economia
O prefeito Celso Forneck ressalta o movimento feito há dez anos para incluir a Via Láctea nos investimentos dos pedágios. “O município sempre reivindicou essas melhorias. Se trata de uma via importante, que liga a 453 com a BR-386. Uma rota com alto fluxo de caminhões inclusive de outras regiões.”
De acordo com ele, são obras represadas e que interferem na capacidade produtiva das indústrias locais e na logística do RS. “O setor de engenharia do Estado viu a necessidade real de investimentos. São melhorias represadas faz muito tempo. Por isso são tão importantes.”
Por municípios
A Secretaria Extraordinária de Parcerias do RS apresentou o novo modelo de pedágios à região. Em cima disso, líderes locais ressaltaram a necessidade de mais detalhes quanto aos pontos e o que será feito nas rodovias.
A partir disso, o A Hora publica reportagens sobre cada uma das cidades com intervenções previstas pelos novos pedágios. A primeira foi Encantado, em 30 de junho. Os detalhes de Arroio do Meio constavam na edição dessa terça. Ontem, os projetos para Lajeado. A próxima reportagem será sobre Estrela, na edição de amanhã.
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