Crise política no Haiti deve aumentar fluxo migratório

Reflexos

Crise política no Haiti deve aumentar fluxo migratório

Assassinato de presidente do país caribenho agrava tensionamento e preocupa comunidade de imigrantes no Vale

Crise política no Haiti deve aumentar fluxo migratório
Estima-se que cerca de dez haitianos chegam ao Vale por semana. Instabilidade deve aumentar processo migratório (Foto: Arquivo A Hora)
Brasil

O atentado que vitimou o presidente Jovenel Moïse, na madrugada dessa quarta-feira, abala a comunidade haitiana no Brasil. Embora contestado por parte da população, a morte do chefe de Estado agrava a crise política e tensiona ainda mais um ambiente já marcado por instabilidade e violência.

“Mesmo havendo críticas ao presidente, apesar de nossas diferenças, não esperávamos isso”, comenta o haitiano Renel Simon, que vive no Vale do Taquari faz quase dez anos.

Ele esteve em sua terra natal há poucos dias, regressando ao Brasil na última sexta-feira. Com o assassinato de Moïse, foi declarado estado de sítio no país e todas as suas fronteiras foram fechadas. Simon afirma que o momento é preocupante. Em contato telefônico com parentes e amigos, ele revela que a situação é de “medo total”.

“Todos estão em suas casas, o transporte público, as escolas, tudo está paralisado”, conta. Conforme o imigrante, existe o temor quanto a uma nova guerra civil e a morte de inocentes.

Atualmente Simon é um líder da comunidade haitiana em Lajeado e auxilia os recém-chegados ao Vale com sua adaptação. A estimativa é que cerca de 10 haitianos chegam à região por semana. Na percepção de Simon, contudo, esse movimento deve se intensificar quando o estado de sítio for revogado.

Instabilidade agravada

Professor de Relações Internacionais da Univates, Mateus Dalmáz afirma que Moïse não era visto como um presidente democrático pela comunidade internacional, tendo uma relação com a sociedade civil marcada por muita violência.

Sua eleição em 2016 foi conturbada, um processo eleitoral acusado de fraude e baixa presença de eleitores. Seu mandato foi cercado de acusações de perseguição a opositores, contra ataques da oposição, ações violentas de ambas as partes, sequestros e assassinatos.

“O fato do presidente ser assassinado reforça perante a comunidade internacional a imagem de um país que não tem estabilidade política e transparência na gestão”, afirma Dalmáz.

Para o professor, a expectativa da comunidade internacional é que o Haiti expresse uma imagem de respeito aos processos democráticos na sucessão de Moïse e nas próximas eleições em 2022. Para Dalmáz, essa instabilidade política mais aguda deve refletir de forma mais imediata nos processos migratórios já existentes.

Entenda

O presidente do Haiti foi morto na madrugada dessa quarta-feira (7) em um ataque a tiros em sua casa. O premiê interino decretou estado de emergência no país, mas ainda não se sabe quem vai assumir a presidência, já que o premiê interino não chegou a ser oficializado no cargo e o presidente da Suprema Corte morreu de Covid-19 no mês passado.

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