A maior enchente na região das últimas décadas completa um ano nesta quinta-feira. Entre 8 e 9 de julho de 2020, após duas sequências de chuvas torrenciais no estado, o rio Taquari atingiu a marca histórica de 27,3 metros em Estrela. Como resultado, milhares de desabrigados, transtornos nas principais cidades, prejuízos logísticos e empresariais incalculáveis, além de uma morte em Colinas.
Em um contexto já desafiado pela pandemia de coronavírus, o impacto do fenômeno no Vale do Taquari foi avassalador. Nenhuma das autoridades ou órgãos de controle e monitoramento do rio conseguiu prever as dimensões que a inundação alcançaria. Um ano depois, um questionamento ainda ecoa pela comunidade regional: onde erramos?
As análises de especialistas apontam para a importância de melhor capacidade de previsão, alerta e resposta. Conforme reportagem especial publicada na edição do fim de semana passado do A Hora, há um consenso de que é necessário aprimorar a previsibilidade do comportamento dos mananciais hídricos, as ações de prevenção e mitigação de danos, bem como a comunicação inter-regional.
Um fator que precisa de atenção especial é o sistema de réguas no Rio Taquari. O episódio de 2020 comprovou a insuficiência dos mecanismos hoje instalados para o controle do nível das águas. Pelo tamanho da inundação, muitos aparelhos ficaram embaixo d’água, o que inclusive dificultou o conhecimento do real pico da enchente.
O fato é que a imprecisão nas informações, conforme o próprio Serviço Geológico do Brasil (CPRM) reconheceu, dificultou o monitoramento e a perspectiva da proporção que a cheia teria.
Uma nova régua foi instalada em Lajeado, o Vale do Taquari passou a ser área prioritária da sala de controle da Defesa Civil Estadual e os órgãos municipais dizem trabalhar de forma mais integrada por meio da criação de uma microrregião de Defesa Civil.
Em um episódio de catástrofe natural extrema, não cabe achar culpados ou condenar pessoas ou organizações. No entanto, identificar as falhas e buscar a correção de processos e estratégias é crucial para evitar a repetição dos mesmos erros.