A previsão de melhoria no ambiente dos negócios, com aumento no consumo e na produção, puxa a geração de empregos. Um indicativo deste movimento está nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ligado ao Ministério da Economia.
No Vale do Taquari, maio teve o segundo aumento consecutivo na empregabilidade. Nos 38 municípios, foram 183 novos postos. Em abril, o saldo foi de 260. Neste último, em específico, o RS vivia um período de restrições, com colapso no atendimento em saúde devido à ocupação total das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs).
Com as revisões em termos do crescimento do Produto Interno Bruto, do consumo e da produção no país, a economista Cintia Agostini ressalta que as informações do mercado de trabalho formal retratas pelo Caged, ajudam a confirmar essas expectativas.
“Estamos falando mais de vacina do que de pandemia”, frisa. A partir disso, diz, há perspectiva de que o país, o RS e a própria região têm poucas chances de novas restrições, com fechamento de atividades produtivas.
De acordo com Cintia, a volta da empregabilidade tem movimentos bem definidos. Começa com mais oportunidades nas áreas do agronegócio e da indústria. Depois disso, repica sobre o comércio e os serviços.
Em termos gerais, das 38 cidades do Vale, 25 tiveram resultados positivos no mês de maio. Quando se olha para o período de abril do ano passado até a informação mais recente, o saldo do Vale superou os 1,5 mil postos criados.
IBGE e Caged
“Importante sabermos que o Caged soma apenas o emprego formal. É um terço da população economicamente ativa”, ressalta Cintia. As informações são diferentes as do Pnad do IBGE, em que se estima também o número de desempregados, desalentados e a informalidade.
Segundo a economista, é possível interpretar essas informações a partir da qualificação da mão de obra. “O trabalho com carteira assinada indica contratações mais sólidas, em que o trabalhador tem mais qualificação e também pela solidez das próprias empresas.”
O IBGE divulgou nesta semana a taxa de desemprego no país foi de 14,7%. Com isso, o número de desempregados teve alta de 3,4%, com mais 489 mil pessoas desocupadas.
No total, são 14,8 milhões de pessoas buscando trabalho. A taxa e o número de desempregados são os maiores desde o início da série histórica, iniciada em 2012. “Esse levantamento dá conta dos outros dois terços da população. Justo a parte menos instruída, do microempresário individual que faliu, ou daqueles que desistiram de procurar emprego”, analisa Cintia.
Perspectiva regional
O presidente da Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT), Ivandro Rosa, contextualiza o saldo positivo a partir do cenário produtivo do Vale do Taquari. Frente a instabilidade na produção cárnea, em especial na industrialização dos cortes de frangos, empresas optaram pela suspensão de contratos como forma de evitar demissões.
Na análise dele, o resultado positivo tem como marca o fortalecimento do comércio e dos serviços, junto com a atuação das fábricas voltadas à panificação e bolachas, metalmecânica.
“Ainda é lenta a retomada, mas é positivos. Revertemos a tendência de fechamento de vagas e para junho, certamente as contratações ficarão em alta.” Essa perspectiva se sustenta sobre o fortalecimento do segmento da logística e a reversão da crise na produção alimentícia, tendo em vista a queda nos custos de produção frente a importação de milho dos EUA e a cotação do grão, que caiu de R$ 105 para R$ 85 a saca de 60 quilos.