O debate sobre o modelo do plano estadual de concessão das rodovias avança na região e provoca desconfiança de líderes e de autoridades públicas. Como forma de sanar dúvidas e detalhar a proposta do Piratini, o secretário de Parcerias, Leonardo Busatto, visitou as estradas do Vale e participou de duas audiências.
A primeira em Estrela, em assembleia da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat). Em seguida, foi até Encantado, em encontro com o Conselho Regional de Desenvolvimento (Codevat).
Acompanhado de integrantes da equipe técnica e do presidente da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), Marcelo Gazen, o secretário estadual destacou a importância do Vale. “É uma região estratégica. Próxima da capital e com potencial produtivo para desenvolver a economia gaúcha.”
Com relação ao plano de concessões, Busatto frisou a necessidade dos pedágios para tornar a logística e o transporte mais seguro e barato. Diante da proposta do Estado, o formato de escolha da concessionária pelo preço da tarifa e a outorga, junto com o local das praças e o prazo das obras na ERS-130 são as críticas centrais das lideranças públicas.
“Queremos construir o melhor formato às regiões. Estamos abertos ao diálogo e podemos alterar alguns critérios”, admitiu o secretário. Ainda assim, Busatto defendeu a outorga. “É uma forma de termos homogeneidade nas tarifas. Evita que tenhamos disputas por praças de alto fluxo, fazendo que outros trechos tenham preços mais altos.”
Junto com isso, Busatto frisou que sem a outorga abre-se o risco de empresas assumirem mesmo sem condições de cumprir o cronograma de obras. “Pelo nosso modelo, os primeiros 20 anos de concessão serão de investimento. A concessão só terá retorno financeiro às empresas nos últimos dez anos”, afirmou.
A concessões das rodovias faz parte do Avançar RS. No programa constam investimentos em duplicações, ampliação de pistas, rótulas e intersecções. São mais de 1 mil quilômetros, com expectativa de aplicar R$ 10,4 bilhões em três décadas. As rodovias do Vale (ERSs 129, 130 e 453) aparecem no lote 2 junto com estradas de Passo Fundo, Carazinho até Santa Cruz do Sul. Nestes trechos, seriam R$ 3,9 bi de investimentos.
Local das praças
O prefeito de Arroio do Meio, Danilo Bruxel, questionou o secretário sobre a informação de que a praça de Palmas, na parte de Encantado, seria deslocada em dez quilômetros. “Isso nos trouxe muita preocupação. Não vemos como positivo só transferir o problema de um município para outro.”
No ponto de cobrança atual, houve a divisão da comunidade, o que faz com que moradores precisem do cartão de isento da EGR. Com a nova proposta, esse benefício é extinto.
De acordo com o secretário, será feito um debate específico entre os prefeitos das cidades vizinhas ao pedágio. “Sabemos que também há um movimento contra o pedágio em Cruzeiro do Sul. Vamos aprofundar esse debate direto com os prefeitos”, prometeu.
Reunião do Codevat
A fluidez nas rodovias e a antecipação das obras de duplicação da ERS-130 foram as tônicas da passagem de Busatto por Encantado. O encontro com representantes de entidades produtivas e líderes regionais ocorreu no fim da tarde de ontem, no auditório do Sicredi.
Após a apresentação do projeto, o presidente da Câmara, Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT), Ivandro Rosa, manteve a posição de que não há um detalhamento do projeto. “Nós precisamos ver os projetos. Não vamos ser assertivos porque não vamos ter condição de opinar”, ressaltou.
O governo estadual espera que os debates públicos acerca dos editais de concessão sejam finalizados em julho. O objetivo é que o edital seja publicado entre o fim de setembro e o início de outubro, e previsão para o leilão é em dezembro.
O presidente da Cooperativa Dália, Gilberto Piccinini, ressaltou que não é contrário ao pedágio. Para ele, o problema é que a cobrança atrapalhe a rapidez e dinâmica da logística. “Pedágio tem que ter fluidez”, ele acredita que as filas nas praças atravancam o desenvolvimento. “ Nós temos grandes investimentos a serem feitos. Pedimos urgência em relação os gargalos. Caso contrário os investimentos não poderão ser realizados”, complementa.
Cerca de 200 caminhões da Cooperativa com cargas de rações, ou frangos, passam todos os dias pelo pedágio de Encantado.