“Os primeiros clientes foram os meus amigos”

aBRE ASPAS

“Os primeiros clientes foram os meus amigos”

Jadir Stacke, 52, nasceu em Marques de Souza e mudou-se para Lajeado ainda na década de 1980. Aos 14 anos, já tocava em bailes. Foi professor de música e hoje é "luthier", profissional que fabrica ou repara instrumentos de corda

“Os primeiros clientes foram os meus amigos”
(Foto: Arquivo pessoal)
Vale do Taquari

O envolvimento com a música influenciou na criação e conserto de instrumentos?
Sempre tive um ouvido muito bom na afinação e me incomodava se largava um acorde no instrumento e tinha uma nota que não soava bem. Diante disso, cada vez fiquei mais impertinente. Tiveram momentos que pensei que os instrumentos não eram bons. Sempre achando que os instrumentos tinham problema porque não tinha conhecimento sobre a área na época.

Fale sobre sua trajetória.
Quando sai de Marques de Souza, morei um período em Lajeado. Mas também residi durante três anos em Feliz, cidade onde tudo aconteceu. Toquei um período em uma banda da cidade e tive a oportunidade de estudar com o guitarrista de Porto Alegre, Frank Solari. Sempre fui fã dele. Durante as aulas soube que ele tinha um instrumento de um luthier famoso chamado Domingos Fialho de Cachoeirinha. Me chamou a atenção um instrumento feito a mão. Comecei a levar meu instrumento para regular nesse profissional, mas sempre achava que tinha algo a mais e voltava lá. Quem sempre me levava até Cachoeirinha era a minha namorada na época e hoje minha esposa, Elisabete Regina. Teve um momento que ela falou que não me levaria mais lá, me disse para pagar um pouco mais pra ele para que me ensinasse coisas básicas e foi isso que fiz. Também fiz um curso básico de construção de guitarra com Hélio Fagundes, em Guaíba, em 1996.

Quando você fez o primeiro instrumento?
O meu primeiro instrumento foi construído quando morava em Lajeado. Meu primeiro cliente em potencial foi Valdi Dalla Rosa. Construí um contrabaixo de quatro cordas por mais de oito meses. Já um dos primeiros serviços de regulagem feito foi em Serafina Corrêa, local onde morou por onze meses.

Comente sobre ser professor de música, luthier e integrante de banda.
Durante muito tempo atuei como professor de música, especialmente de violão e guitarra. Só deixei essa área quando havia muita demanda no trabalho e resolvi assumir essa nova jornada. Assim aconteceu com a música, toquei até começar a pesar. Permaneci alguns anos parados. Antes do começo da pandemia fui convidado para integrar a banda Velho Rock.

Como é ter esse dom e capacidade de fabricar instrumentos?
Tudo que queremos fazer com qualidade não é fácil, é preciso dedicação. É um trabalho sensitivo e manual. Se eu nascesse de novo queria ser músico e luthier. É muito importante o fato de ter sido músico por um longo período, isso ajuda a realizar um trabalho com consistência na minha área.

Acompanhe
nossas
redes sociais