O Plano Safra 2021/2022, anunciado pelo governo federal nessa terça-feira, 22, contempla expectativa de entidades do setor no que diz respeito aos valores, mas preocupa em relação aos juros de 3% e 4,5% no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O aumento comparado ao plano anterior é de 0,25% e 0,5%.
Na avaliação do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), de Lajeado, Lauro Baum, a elevação da taxa de juros representa maior risco ao produtor rural. Além de ampliar o valor da operação de crédito, reflete nos custos adicionais, a exemplo, os seguros.
Baum orienta para a gestão consciente da propriedade a fim de evitar despesas por impulso. Reforça a insegurança da produção diante de fatores como o clima e mercado. Para ele, o aumento de juros eleva o risco do investimento.
“Se houver alguma interferência na safra, aumenta o risco do produtor não conseguir pagar seu financiamento, por isso, alertamos para o uso consciente do crédito”, ressalta. Lauro reforça a importância do Plano Safra, mas observa a necessidade da valorização da agricultura familiar diante da disparidade com o setor.
Mais recursos
O Plano Safra 2021/2022 prevê R$ 251,22 bilhões para apoiar a produção agropecuária. Esse valor é 6,3% maior em relação ao plano anterior. Para equalização de juros, o Tesouro Nacional destinou R$ 13 bilhões.
Na avaliação de Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS, o plano é bom, mas deixa a desejar em relação as taxas de juros. “Por menor que seja o aumento do juros, sempre é um impacto negativo”, observa.
Entre os aspectos positivos, cita o aumento de recursos, enquadramento ao Pronaf que passa de R$ 415 mil para R$ 500 mil e o valor financiável na habitação, de R$ 165 mil para R$ 200 mil.
Por outro lado, diz que o incremento de valor para custeio poderia ser maior, considerando os aumentos nos custos de produção. “Diante do cenário, vamos conseguir financiar menos áreas que o ano passado”, ressalta Carlos Joel.
Pela análise do presidente da Fetag-RS, na prática o plano traz poucas mudanças, mas é um alento diante das previsões iniciais que poderiam inviabilizar o crédito na agricultura familiar.
“Valeu a pena essa articulação junto aos ministérios da Agricultura e Economia, evoluímos bastante”, resume Silva. Com a conclusão das resoluções, a expectativa é que a operacionalização ocorra dentro dos prazos previstos, sem prejuízos aos produtores.