A última vez que Matheus Robson Webers Corrêa foi visto no dia 16 de junho do ano passado. Ele saiu de casa, no bairro Moinhos, e disse ao irmão, David, que iria se encontrar com uma mulher que conheceu na internet.
Matheus, então com 20 anos, entrou em um Vectra Branco com, pelo menos, quatro ocupantes. Dias depois, a Polícia Civil (PC) encontrou o veículo queimado em Arroio do Meio.
Segundo a mãe, Fátima Webers, Matheus passava a maior parte do tempo em casa antes do desaparecimento. O jovem era apegado a irmã, de 3 anos, e ajudava nos cuidados da criança. No dia, Fátima, grávida de seis meses, teve pressão alta e foi se deitar mais cedo.
Matheus, tinha feito a barba e se arrumava para sair. “Perguntei aonde ele ia, ele só disse ‘por aí’ e deu o sorrisinho que ele dava quando ia aprontar”, relembra.
O jovem saiu de casa com uma muda de roupa na mochila. Não levou celular, que estava no conserto, nem documentos.
A investigação
A conta do Facebook que atraiu Matheus era falsa. A jovem, chamada Amanda Falcão, nunca existiu. Os rastros digitais deixados pelo cadastro na rede social levaram a documentos inexistentes. Em 26 de julho do ano passado, uma ossada foi encontrada na linha Santa Rita, interior de Estrela.
O delegado Juliano Stobbe, responsável pelo caso, acreditava que as chances da ossada serem do Matheus eram pequenas, devido ao estado de decomposição. Mesmo assim, exames genéticos foram feitos com os pais do jovem. Após análise do DNA, se comprovou que o corpo não era de Matheus.
A polícia acredita em dois principais motivos para o desaparecimento. O caso pode estar vinculado ao tráfico de drogas. A tese mais contundente, porém, dá conta de que Matheus tenha se envolvido em um romance com a mulher de um criminoso.
“Não temos certeza se ele está vivo ou morto”, admite o delegado. Uma das hipóteses apontam para o envolvimento com tráfico de drogas, diz Stobbe. De outra ponta, também há relatos contrários, de que Matheus não se relacionava com traficantes e que não usava drogas, complementa.
“Isso tudo dificulta, mas também nos motiva a tentar encontrá-lo”, realça Stobbe.
Dúvidas após chacina em Cruzeiro
Um celular encontrado com um homem preso em flagrante por tráfico de drogas, em Arroio do Meio, abriu uma nova linha de investigação. O aparelho foi usado para fazer contato com o jovem desaparecido. O dono do telefone passou a ser o principal suspeito pelo caso de Matheus Corrêa.
No início deste ano, três pessoas foram mortas em uma festa clandestina em Cruzeiro do Sul. Uma delas, o dono do celular com ligações rastreadas do jovem desaparecido.
A festa ocorreu em 23 de janeiro. Além do triplo homicídio, duas pessoas foram baleadas e encaminhadas ao Hospital Bruno Born, em Lajeado.
Com o suspeito morto, a investigação ficou sem elementos para averiguar. “Estamos sem luz no fim do túnel. Aguardamos novas informações. Muito embora já passe um ano, é possível que o Matheus esteja vivo em outra cidade”, espera o delegado.
Apesar da falta de pistas, o inquérito segue em aberto. Assim como o celular apreendido em Arroio do Meio, outros elementos podem remeter ao desaparecimento.
Homenagem em família
Matheus é o mais velho dos seis filhos de Fátima. O desaparecimento foi um transtorno para a família.
David teve episódios de depressão. Sentia-se culpado por ter emprestado o celular para o irmão entrar em contato com Amanda Falcão.
A irmã mais nova nasceu após o desaparecimento do jovem. De acordo com a mãe, a ansiedade e as recorrentes crises de pressão alta após o desaparecimento do primogênito forçaram o parto adiantado. A criança nasceu de sete meses.
Matheus havia sugerido o nome de Adriele à caçula. A mãe insistia que o nome seria Lívia. Como forma de homenagem, a bebê foi batizada como Lívia Adriele.
