O aumento no preço de medicamentos e insumos usados no combate à pandemia é o alvo da CPI dos Medicamentos da Assembleia Legislativa. Uma comitiva fará nesta quarta-feira, 23, e quinta-feira, 24, visitas técnicas em hospitais e unidades de saúde do interior. Entre elas, está o Hospital Bruno Born, de Lajeado.
Durante a pandemia, diversos hospitais encontraram dificuldade para compra de anestésicos e sedativos. Os compostos usados em pacientes graves de covid-19 estiveram em falta e provocaram aumentos nos preços.
Conforme o deputado Clair Kuhn, vice-presidente da CPI, há algumas substâncias com elevação de 5.000%. “Ampolas que antes custavam R$ 3 passaram para R$ 180. O que queremos verificar é se houve má-fé, se esses aumentos foram propositais para aumentar a margem de lucro”, afirma.
A apuração parlamentar conta com o auxílio da Polícia Civil e do Ministério Público, diz. “Vamos rastrear as notas fiscais dos hospitais até os fornecedores. Nosso objetivo é descobrir onde ocorreu esse superfaturamento nos preços.”
Até o momento, a comissão recolheu mais de 5,8 mil notas fiscais. “Começamos a apuração em Porto Alegre e percebemos que os hospitais no interior foram os mais prejudicados por esses ajustes.”
De acordo com Kuhn, o reajuste nos preços, tanto de medicamentos, em especial do kit intubação, também ocorreu em equipamentos hospitalares, como luvas, máscaras e jalecos. A justificativa dos fornecedores, diz, era a falta de insumos.
Para ele, há indícios de que essa carência alegada foi proposital, justo para elevar a margem de lucro. “Se isso for comprovado, é um absurdo. Daí teremos o papel de ir à Justiça e pedir a prisão dos responsáveis.”
Os próximos passos da CPI serão de visitas a instituições de saúde do interior. Serão mais 60 dias de busca de documentos, de declarações dos representantes dos hospitais e de autoridades públicas. “Sabemos de prefeitos que foram chantageados para comprar com preços elevados.”
Além do deputado Clair Kuhn (MDB), integram as visitas da comitiva da CPI dos Medicamentos o presidente Dr. Thiago Duarte e o relator Faisal Karam.
CPI visita HBB na quinta-feira
O aumento de preços e falta de insumos no mercado também interferiram sobre as casas de saúde do Vale do Taquari. Com visita agendada para quinta-feira, 24, o Hospital Bruno Born informou que está auxilia a CPI dos Medicamentos por meio do repasse de informações sobre valores que eram pagos por produtos antes e depois do início da pandemia. De acordo com o hospital, os dados também são comprovados por de notas fiscais.
“O tema surgiu em reunião com a bancada da qual participaram representantes do HBB. Sempre fomos muito transparentes em nossos investimentos e gastos. Por isso, somos colaboradores neste trabalho realizado por deputados gaúchos”, informa o diretor executivo Cristiano Dickel.
Relembre
No dia 4 de julho do ano passado, reportagem do A Hora mostrou que agentes públicos e diretores de hospitais da região discutiram a falta de anestésicos e sedativos para a intubação de pacientes. O motivo principal era a alta demanda dos medicamentos e a baixa quantidade disponível no mercado.
Esse cenário provocou a suspensão de cirurgias em diversas casas de saúde. A situação fez com que apenas casos graves e de urgência seguissem com a agenda de procedimentos.
A Federação das Santas Casas e Hospitais do RS também afirmou na reportagem que os medicamentos usados para intubar os pacientes estavam em falta no país. Pelos cálculos da organização, nos três primeiros meses de 2020 foi usada a mesma quantidade de medicamentos do que todo o ano de 2019.
Cronograma de visitas da CPI
O Hospital Bruno Born, de Lajeado, é um dos que receberá visita da comissão. Os parlamentares estarão no HBB nesta quinta, 24, às 16h30.