“Não existe idade para aprender”

Abre aspas

“Não existe idade para aprender”

Christiano Ignácio Horn, 72, decidiu voltar a estudar. Ficou mais de 30 anos longe das salas de aula e voltou com o objetivo de aprender novos idiomas, o inglês e o alemão. Nos cursos de línguas da Univates, conseguiu o reconhecimento de colegas e de professores pelo esforço, dedicação e pelo bom humor

“Não existe idade para aprender”
(Foto: Filipe Faleiro)
Lajeado

O que o fez escolher cursos de idiomas?

Eu decidi aprender outras línguas entre 2014 ou 2015. Os motivos foram diversos. Passa pela necessidade de manter a mente ocupada. Sabe como é né, vamos chegando na terceira idade e precisamos nos manter ativo. Em segundo lugar, eu sempre gostei de viajar. Na Alemanha, em especial na região sul, com o dialeto que falamos aqui na região é possível se comunicar. Mas quando vamos a Berlim, por exemplo, ninguém entende.

Mas acima de tudo isso, no específico, foi em uma visita ao Museu de Munique. Estava vendo artefatos e tinha aquelas bombas V2, usadas pela Alemanha Nazista nos bombardeios de Londres. Embaixo delas, tinha duas placas, com textos em inglês e alemão. Eu não entendia nada. Fiquei muito frustrado. Quando voltei, a primeira coisa que fiz foi me matricular.

Como foi esse retorno às salas de aula?

A primeira coisa que precisava era escolher qual idioma começar. Sempre gostei muito do alemão, pelo próprio histórico, pela descendência, por falar o dialeto. Mas, pensei: se eu for na China, como vou me comunicar? E o inglês é a língua mais falada no mundo. Então fiz cinco anos de inglês. Comecei as aulas e percebi que não podia mais ficar parado

Por quantos anos ficou afastado das salas de aula?

Eu me formei em economia pela Univates em 1983. Fui colega do ex-reitor Ney Lazzari, por exemplo. Foram mais de 30 anos sem entrar em uma sala de aula. Tenho de confessar, eu estava com 66 ou 67 anos e senti dificuldade. Tinha de repetir as perguntas para entender. É diferente aprender quando se é mais jovem. Em especial outro idioma, em que tem de se prestar atenção na pronúncia das palavras.

Como é ser o aluno mais experiente da turma?

Isso nunca foi problema. Me sinto bem entre os jovens. Eu gosto muito de brincar, de conversar, de trocar ideia, e não foi diferente. Na verdade, em uma sala de aula, eu sou mais um aluno. Não existe idade para aprender. E também como estudei na Univates, tenho uma ligação muito forte com a instituição. É como se fosse uma segunda casa pra mim.

O que diria para aquelas pessoas que dizem que estão muito velhas para aprender?

Não se pode dizer isso. Não podemos dar opinião sobre algo que não conhecemos. Penso que tudo é uma questão de ter metas, ter objetivos e se esforçar. Para aprender é preciso vontade, dedicação e disciplina. Em uma viagem de intercâmbio que fiz, para a Cidade do Cabo, na África do Sul, uma menina pediu para tirar uma foto minha. Disse que ia mandar pro pai dela, para mostrar que ele também poderia estudar, que a idade não era desculpa. Aquilo me deixou bem orgulhoso, saber que poderia servir para alguém se motivar e voltar a estudar.

Acompanhe
nossas
redes sociais