Heitor Júnior da Silva Aguinoletto completaria 2 anos de vida no próximo dia 30. Descrita por familiares como uma criança alegre e agitada, gostava de jogar futebol dentro de casa e assistir desenho animado. Era bastante apegado aos pais e à avó. Porém, o menino sorridente teve sua vida abreviada de forma trágica.
Por volta das 20h do último sábado, 19, Heitor foi atropelado quase em frente à casa da família, na rua Silva Jardim, Centro de Lajeado. Chegou a ser socorrido com vida, mas não resistiu ao impacto da batida e morreu a caminho do Hospital Bruno Born. Um trauma para uma família ainda jovem.
Ontem, a reportagem esteve na casa dos pais de Heitor. Os dois recordaram os bons momentos vividos ao lado do filho. “Quando eu retornava do trabalho, ele estava sempre me esperando na escada. Era uma criança que estava sempre sorrindo, trazia alegria para a casa”, comenta o pai, de 26 anos, que trabalha como ajudante de caminhoneiro.
A mãe, de 25 anos, também se emociona ao falar do filho. Tirou a tarde de segunda-feira para revelar fotos de Heitor e guardar de recordação em um álbum. “Ele foi muito amado e amou muita gente. Sempre cuidamos bem, nunca deixamos ele sair. Queria voltar dois minutos no tempo para evitar que isso acontecesse”, relata.
“Quando abri a janela, vi meu filho atirado”
Durante toda a tarde, Heitor brincou com o pai, que tirou um cochilo no começo da noite por estar acordado desde a madrugada. A
mãe preparava o jantar e depois foi ao banheiro, enquanto a avó, que também reside no local, foi a um culto com outros familiares. Não percebeu que Heitor a seguiu.
Estava garoando. Ao ouvir um estouro, a avó parou e voltou. Encontrou Heitor caído, no meio da rua. O pai, com o barulho, também acordou. “Achei que fosse uma briga. Quando abri a janela, vi meu filho atirado. Foi um choque”, afirma.
Ao perceber o que havia ocorrido, a mãe se desesperou. Pediram ajuda e lamentam o fato do motorista não parar para auxiliar. “O que queremos é justiça. Não nos tiraram apenas um filho, e sim uma pessoa que seria um grande ser humano”.
Heitor deixa enlutados, além dos pais, a irmã de sete anos. Ele foi sepultado na manhã de ontem, no cemitério do bairro Florestal.
Sem identificação
A Brigada Militar tenta, por meio de câmeras de monitoramento, identificar o modelo e a placa do veículo que atropelou a criança e, assim, chegar até o condutor. Por enquanto, porém, as imagens obtidas são inconclusivas. Elas apenas confirmam que a cor do carro é branca.
“Temos imagens do acidente e também de antes do fato, com o veículo passando pela rotatória e acessando a Silva Jardim. Vamos tentar buscar também de outros locais, cruzar as imagens e, de alguma forma, identificar a placa. Nossas equipes também estão na rua auxiliando”, salienta o comandante do 22º Batalhão de Polícia Militar, major Fábio Kuhn.
Pelas imagens, a BM descarta que o veículo trafegava em alta velocidade. “Em tese, estava compatível. Se fosse algo muito absurdo, daria para notar”, ressalta o comandante. Minutos antes, o tenente que estava de serviço passará pelo local. “Quase presenciamos o acidente”. A Polícia Civil investigará o caso.
Formas de prevenção e possíveis mudanças no trecho
Para o coordenador do Departamento de Trânsito de Lajeado, Vinícius Renner, o caso de sábado é uma situação atípica por envolver uma criança pequena, onde apenas a investigação policial poderá apontar responsabilidades.
Renner relembra as formas de prevenção de atropelamentos: respeito à sinalização e aos limites de velocidade (para motoristas) e travessia em locais seguros (para pedestres).
No caso de crianças pequenas e pessoas muito idosas, o ideal é que sempre estejam acompanhadas por um responsável. Segundo Renner, há faixas de pedestre e semáforo próximas do trecho, mas não descarta uma reavaliação sobre eventuais necessidades para ampliar a segurança no local. “Vamos sentar e ver se faremos alguma alteração”, aponta.