“Quando nós viemos para cá, era a RS-13.”

Abre aspas

“Quando nós viemos para cá, era a RS-13.”

Dilson Sabarini trabalha faz 40 anos no posto de gasolina que herdou do pai, junto à BR-386. Tudo iniciou com o avô, Osvino Lenhard, que vendia combustível no centro de Marques de Souza. Dos tempos de criança até hoje, Dilson testemunhou o desenvolvimento regional, o avanço da obra da rodovia e atendeu milhares de pessoas.

“Quando nós viemos para cá, era a RS-13.”
Crédito: Ramiro Brites
Vale do Taquari

O posto é o primeiro da região?
Os primeiros foram aqui, Estrela e Pouso Novo. Para esses lados, o primeiro a abrir foi aqui, depois abriu posto em Conventos. Antes da 386 ficar pronta. A BR iniciou em 1969. Em 1968 começou o asfalto e veio para cá. O asfalto aqui foi projetado, se não me engano, por 63, 64. Quando nós viemos para cá, era RS-13. A nossa licença, conseguimos com o Daer, depois que veio o Dnit.

O que você aprendeu com teu pai e passou para o teu filho?
O que eu aprendi com meu pai é trabalhar e ser honesto. O que vale é a honestidade. Antigamente era tudo em família. É a tradição, né? Hoje em dia é diferente. Tem vários segredos. A gente fazia freguês na base da amizade. Agora o pessoal não quer saber de capricho, eles querem é preço.

O que você ganhou com trabalho e honestidade?
Eu ganhei muitas coisas. Com honestidade, ganhei amigos e inimigos também. Os caloteiros viram amigo teu. Nós temos muita gente que ficou devendo. Antigamente, era ruim por causa do cheque. O que eu levava de calote, meu Deus do céu! Pagavam com cheque e na hora tinha saldo. Depois ia depositar, três dias depois, e o cheque estava sem fundo. Agora, com cartão, ninguém mais usa o talão de cheque. Tudo na base do cartão, pix, aplicativo, e essas coisas.

Quando aumenta muito o preço, como nesse ano, como fica para vocês?
Para nós é ruim. Eu vendo o estoque no preço velho e compro com o preço novo. Eu não consigo passar o preço para o cliente, ou não vendo para ninguém. Em 1986, a inflação era mais alta. Para nós não ficava ruim porque o governo tabelava a margem em 10%. Nós tínhamos dois caminhões e deixava estocado aqui, valia mais do que vender.

E muita gente já passou por aqui?
Passa muita gente por aqui, de tudo que é lugar. Argentina, Paraguai, Chile, várias regiões do Brasil. Eu estava sempre viajando também por um tempo, daqui até Canoas, e conheci muita gente. Já se vê quem é boca braba ou quem é tranquilo, mais amigável. Quando trabalhava com o pai aqui, eu tinha o caminhão para buscar combustível. Saía daqui às 5h30 da manhã, voltava meio-dia e trabalhava até as oito horas da noite. Antes o posto funcionava 24 horas, ficava mais apertado e era perigoso.

Você lembra de alguma história mais curiosa de algum cliente?
Faz dois anos, veio um motoqueiro abastecer aqui. Encostou na bomba para abastecer e a mulher dele desceu da moto e ele não notou. Ele me pagou os quinze pila e se mandou. Chegou lá na Polícia Rodoviária apavorado. “Perdi a mulher!”, ele dizia. Meia hora depois veio o cara da CCR a mil para procurar a esposa do motoqueiro. Ela ficou aqui esperando e depois foi no mercado. O cara da CCR se matava rindo que o homem esqueceu a mulher e ela foi fazer compras. O rapaz nunca mais abasteceu aqui, ficou com vergonha.

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