O debate sobre a implantação do homeschooling no Rio Grande do Sul é atemporal e fora de prioridade. Ainda que a intenção dos proponentes – no caso o deputado Fábio Ostermann, do Partido Novo – seja boa, ela é inoportuna. Faria bem o governador Eduardo Leite se vetasse o projeto aprovado pela assembleia. Tem muitas outras coisas que precisam ser implantadas, modificadas e construídas no ensino gaúcho. Debater o homeschooling, da maneira que tem sido nas últimas semanas, desvia as atenções do essencial.
Recém saíamos de embate judicial para reabrir as escolas e permitir as aulas presenciais. Ficou evidente que o ensino-aprendizagem é muito comprometido se for virtualizado. Basta olhar para as sequelas e os traumas que carregam os alunos de todas as séries, fruto do isolamento social e da falta da disciplina e da didática habituais no ensino presencial.
Implantar o homeschooling em países desenvolvidos, onde a educação é tratada como prioridade por todos, é uma coisa. A outra, é implantar no Brasil, onde a educação é prioridade no discurso mas não na prática. Permitir que pais optem pelo ensino remoto e domiciliar pode ser um trampolim para quem não acredita no poder transformador da escola enquanto formadora de cidadãos e cidadãs.
A pandemia aumentou os índices de violência contra alunos, fez disparar a evasão escolar, abalou emocional e mentalmente os alunos e ainda comprometeu a aprendizagem em muitos níveis. Isso não significa que precisamos varrer a tecnologia ou a virtualização do modelo de ensino, mas sim, qualificar e pensar em métodos que sejam mais eficientes. Por isso, antes de querer implantar o homeschooling, a educação gaúcha tem muitas outras prioridades que não podem – ou não deveriam – ser abafadas por essa proposta de ensino em casa.
VELHO E PODRE
O município de Estrela faz diagnóstico sobre a situação dos postes que sustentam a rede de energia elétrica no interior. O resultado mostra centenas – senão milhares – de postes de madeira apodrecidos. A foto que você vê acima mostra por que um vento norte mais forte é capaz de interromper o abastecimento de energia em milhares de propriedades rurais de Estrela e da região.
Já passou da hora da RGE, companhia responsável pela rede em boa parte do território regional, anunciar um projeto de troca total dos postes de madeira para de concreto. Dizem os técnicos da companhia que os postes de madeira não são os motivadores das quedas absurdas de energia. Detalhe: onde moradores ficaram mais tempo sem energia elétrica na semana retrasada, após o temporal do sábado a noite, foi em regiões onde prevalecem os postes de madeira.
Quatro meses de atraso
Este é o tempo que já passou da data que a CCR Via Sul poderia ter iniciado as obras de duplicação da BR-386, entre Lajeado e Marques de Souza. Desde meados de fevereiro, a empresa aguarda aval do Ibama para iniciar os serviços. Até aqui, a CCR sustenta que o atraso não implicará no descumprimento do prazo de conclusão deste primeiro trecho de obras, programado para 2023.
Em 2010, a Conpasul, que na época fez a obra de duplicação entre Estrela e Tabaí, sustentava que a obra poderia ser concluída em dois, no máximo três anos. Ao final, levou sete, muito em razão destes mesmos entraves ambientais, somados às tranqueiras da Funai, entre outros.
É bom abrirmos o olho e nos inteirarmos da situação. Eu fico me perguntando: o que é tão complexo, difícil e impactante que quatro meses são insuficientes para analisar, encaminhar e resolver? Ninguém aqui legisla contra o Ibama e diz que seu trabalho é irrelevante. Apenas questionamos à demora para a liberação de uma obra que é vital para a região e as pessoas que trafegam pela BR-386.