Após pressão da indústria de carnes, governo libera compra de milho dos EUA

Setor primário

Após pressão da indústria de carnes, governo libera compra de milho dos EUA

Instrução normativa autoriza importação de milho transgênico fora do Mercosul

Após pressão da indústria de carnes, governo libera compra de milho dos EUA
Abate de aves reduziu 11% em abril, reflexo do desalojamento / Crédito: Felipe Neitzke
Vale do Taquari

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) permite a partir do dia 1° de julho a importação de milho transgênico dos Estados Unidos. Autorização está prevista na Resolução Normativa 32, publicada na quinta-feira, 17, no Diário Oficial da União e atende reivindicação do setor de proteína animal.

Essa alteração de regras em relação a cultivares transgênicas resulta na importação de grãos fora do Mercosul e cria uma alternativa aos produtores e indústria impactados pela alta nos preços da nutrição animal.

Responsável por 70% da composição de custos de aves, suínos e ovos, o milho acumula altas superiores a 100%. De acordo com o índice de referência do setor produtivo – o ICP, Índice de Custo de Produção da Embrapa Suínos e Aves – a alta acumulada nos custos, nos últimos 12 meses, gira em torno de 40%.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) avalia como positiva a publicação da normativa. Na avaliação de Ricardo Santin, presidente da ABPA, a medida reduz o desequilíbrio entre a fácil exportação de grãos brasileiros e a difícil importação para o território nacional.

Santin exalta, ainda, os esforços do Ministério da Agricultura, sob a liderança da ministra Tereza Cristina, para equilibrar o quadro interno de oferta de grãos, focado na sustentabilidade econômico-social da cadeia produtiva do agro e no abastecimento à população.


Articulação regional

As dificuldades com tributos e o mercado de grãos aquecido trouxeram preocupações à produção regional. Líderes pediram a interferência do Estado e da União em apoio ao setor.

Através de articulação com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Edson Brum, a primeira conquista foi a isenção de ICMS na importação do milho de países do Mercosul.

“Entendemos que era preciso fazer mais, por isso da articulação junto ao governo federal pedindo a liberação da importação de milho transgênico”, destaca o presidente da Câmara da Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT), Ivandro Rosa.

A entidade manteve a reivindicação junto ao Ministério da Agricultura, enquanto que outras lideranças buscavam agenda com o presidente Jair Bolsonaro. Um dos interlocutores foi o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni.

Pela análise de Rosa, sem o conjunto de ações, o cenário dos altos custos de produção e o risco da desindustrialização poderia agravar. Com maior oferta de grãos, tendência de recuo nos preços do milho no mercado interno.


Milho garantido

Diferente do milho importado da Argentina por R$ 97,00, o grão dos EUA chega ao país custando R$ 107,00. Na avaliação do presidente da Languiru, Dirceu Bayer, a importação de milho transgênico contribui principalmente para regular o valor do grão no mercado interno.

“Temos milho suficiente para nossa demanda até fevereiro de 2022”, explica Bayer. A cooperativa garantiu o cereal através de compra antecipada. Conforme o presidente da Languiru, o segundo semestre será de melhores resultados na produção de aves e suínos.

Na última semana, o valor do suíno vivo reagiu com alta de 19,55% no RS. Em relação ao frango, o abate de aves reduziu em 11% no mês de abril e reflete na valorização da carne.


 

RELEMBRE O CASO

• Publicação no dia 7 de maio de 2021 alertava a região sobre a dificuldade do setor avícola diante da alta dos custos de produção. Indústrias reduziram os abates para minimizar perdas.

• No dia seguinte, 8 de maio de 2021, edição do fim de semana dava conta de mobilização da cadeia produtiva para evitar a desindustrialização. Entidades do segmento reivindicavam isenção de impostos para importação de insumos.

Acompanhe
nossas
redes sociais