A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) permite a partir do dia 1° de julho a importação de milho transgênico dos Estados Unidos. Autorização está prevista na Resolução Normativa 32, publicada na quinta-feira, 17, no Diário Oficial da União e atende reivindicação do setor de proteína animal.
Essa alteração de regras em relação a cultivares transgênicas resulta na importação de grãos fora do Mercosul e cria uma alternativa aos produtores e indústria impactados pela alta nos preços da nutrição animal.
Responsável por 70% da composição de custos de aves, suínos e ovos, o milho acumula altas superiores a 100%. De acordo com o índice de referência do setor produtivo – o ICP, Índice de Custo de Produção da Embrapa Suínos e Aves – a alta acumulada nos custos, nos últimos 12 meses, gira em torno de 40%.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) avalia como positiva a publicação da normativa. Na avaliação de Ricardo Santin, presidente da ABPA, a medida reduz o desequilíbrio entre a fácil exportação de grãos brasileiros e a difícil importação para o território nacional.
Santin exalta, ainda, os esforços do Ministério da Agricultura, sob a liderança da ministra Tereza Cristina, para equilibrar o quadro interno de oferta de grãos, focado na sustentabilidade econômico-social da cadeia produtiva do agro e no abastecimento à população.
Articulação regional
As dificuldades com tributos e o mercado de grãos aquecido trouxeram preocupações à produção regional. Líderes pediram a interferência do Estado e da União em apoio ao setor.
Através de articulação com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Edson Brum, a primeira conquista foi a isenção de ICMS na importação do milho de países do Mercosul.
“Entendemos que era preciso fazer mais, por isso da articulação junto ao governo federal pedindo a liberação da importação de milho transgênico”, destaca o presidente da Câmara da Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT), Ivandro Rosa.
A entidade manteve a reivindicação junto ao Ministério da Agricultura, enquanto que outras lideranças buscavam agenda com o presidente Jair Bolsonaro. Um dos interlocutores foi o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni.
Pela análise de Rosa, sem o conjunto de ações, o cenário dos altos custos de produção e o risco da desindustrialização poderia agravar. Com maior oferta de grãos, tendência de recuo nos preços do milho no mercado interno.
Milho garantido
Diferente do milho importado da Argentina por R$ 97,00, o grão dos EUA chega ao país custando R$ 107,00. Na avaliação do presidente da Languiru, Dirceu Bayer, a importação de milho transgênico contribui principalmente para regular o valor do grão no mercado interno.
“Temos milho suficiente para nossa demanda até fevereiro de 2022”, explica Bayer. A cooperativa garantiu o cereal através de compra antecipada. Conforme o presidente da Languiru, o segundo semestre será de melhores resultados na produção de aves e suínos.
Na última semana, o valor do suíno vivo reagiu com alta de 19,55% no RS. Em relação ao frango, o abate de aves reduziu em 11% no mês de abril e reflete na valorização da carne.
RELEMBRE O CASO
• Publicação no dia 7 de maio de 2021 alertava a região sobre a dificuldade do setor avícola diante da alta dos custos de produção. Indústrias reduziram os abates para minimizar perdas.
• No dia seguinte, 8 de maio de 2021, edição do fim de semana dava conta de mobilização da cadeia produtiva para evitar a desindustrialização. Entidades do segmento reivindicavam isenção de impostos para importação de insumos.