Agulha e lã fazem parte do trabalho de Marisa Bladt Reckziegel, 47. Aposentada, ela se dedica à prática do tricô desde menina, e integra o grupo Tricrochê do Bem. Com o objetivo de ajudar quem precisa por meio de doações de roupas, o projeto reúne voluntárias tricoteiras e artesãs e completa oito anos neste mês.
“A sensação de poder ajudar é muito boa. Quando fazemos algo, já pensamos em quem vai receber, imaginamos o bebê que vai ficar aquecido”, conta Marisa. Desde que entrou no projeto, aperfeiçoou as técnicas para produzir mantas, casacos, gorros ou luvas e ajudar cada vez mais famílias.
Entre 500 e 700 peças são confeccionadas pelo grupo no ano, destinadas a entidades como HBB, Fundef, Slan, Apae, Adefil e Abrigo São Chico. Muitas casas geriátricas também são atendidas. Há algumas semanas, 140 peças foram doadas para os idosos.
Desde o início da pandemia, sem reuniões presenciais, cada voluntária trabalhou de casa. Mesmo com restrições, a atividade não parou. Mas o período foi de adaptação. “Quase todas estão no grupo de risco, mas sabíamos que o nosso trabalho não poderia parar, tanto para manter as voluntárias ocupadas, quanto para continuar ajudando as pessoas”, destaca Marisa.
Assim, um serviço de tele-entrega foi criado. Uma vez por mês ela e outras integrantes passavam na casa das voluntárias para recolher peças e distribuir lãs. Os contatos eram breves, pelo portão. Hoje a ação ocorre no formato drive-thru no salão da Paróquia Santo Inácio de Loyola.
“Dar continuidade aos projetos foi muito importante para manter as mentes e as mãos ocupadas”, afirma Marisa.
Tricoteiras e artesãs
O grupo de voluntárias com aptidão para tricotar surgiu entre junho e julho de 2013, com o nome Tricoteiras do Bem. Na época, outro projeto conhecido como Amigas do HBB recebeu 240 novelos de lã doados pelo Tricô Tchê. Sem pessoas suficientes para produzir, a voluntária Nelsy Cattoi Conte, a Dona Nena, anunciou: “Precisamos com urgência de Tricoteiras do Bem! Temos lã”.
O chamado foi atendido pela designer de moda Eliana Schneider. Junto com o Amigas do HBB, ela se mobilizou para iniciar um grupo de tricô em Lajeado. De lá para cá, outras voluntárias ofereceram as mãos e as agulhas para ajudar e não pararam de tricotar.
Hoje, cerca de 20 a 25 mulheres se dedicam ao trabalho voluntário e o projeto passou a se chamar Tricrochê do Bem, com a inclusão de artesãs. Como no início o grupo se dividia entre iniciantes e experientes na prática do tricô, a então coordenadora Eliana Schneider levava receitas, orientações e ensinava algumas técnicas. Assim, todas podiam contribuir.
Para marcar a atividade, todo ano, em 15 de junho, no Dia Mundial de Tricotar em Público, elas organizavam uma ação com o intuito de divulgar o trabalho e sensibilizar a doação de materiais pela comunidade.
Como ajudar
Para continuar com o trabalho, as voluntárias contam com as doações. Por isso, um ponto de coleta de novelos fica na loja Central da Costura, em frente ao Supermercado STR.
Quem quiser contribuir também pode entrar em contato com as voluntárias do Tricrochê do Bem por meio do Facebook ou do e-mail tricrochedobem@gmail.com. Além das doações dos materiais, elas também recebem valores para a compra dos novelos.