Quando surgiu seu interesse em pintar telas?
Desde criança eu queria trabalhar com arte. Mas minha família não tinha condições de me proporcionar isso na época. Trabalhei de chapeador durante 24 anos e comecei a pintar quadros nos fins de semana. Fiz meu primeiro curso aos 21 anos e, depois disso, nunca mais parei. Fui fazendo todos os cursos possíveis, me capacitando aqui e também fora, em Porto Alegre, Santa Cruz do Sul e até em Pernambuco. Parei de trabalhar com chapeação aos 38 e, desde então, me dedico integralmente à arte.
Com o tempo, suas obras se tornaram conhecidas. Quais os principais reconhecimentos?
Ganhei vários prêmios em salões de arte. Uma das telas foi exposta no Memorial do Rio Grande do Sul. E alguns quadros meus foram levados para o exterior, em países como Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra.
Tem uma ideia de quantos quadros já pintou até hoje?
Não faço a menor ideia (risos). Imagino que mais de 300 obras, aproximadamente. Por um período, tentei contar e registrar tudo, mas acabei me perdendo nos cálculos.
Qual é a sua especialidade dentro da arte?
Sempre gostei de figura humana. É o que eu mais retrato em minhas obras. Mas faço de tudo um pouco. Já fiz pintura clássica, acadêmica, moderna, impressionismo, entre outras. Com as aulas, os alunos sugerem coisas que você, se estiver sozinho em casa, não pintaria. Mas a grande maioria estão relacionadas às figuras humanas com críticas sociais.
E as pessoas conseguem interpretar estas obras?
Muitos consideravam meus quadros depressivos, mas são estes que vendi para a Alemanha. No Brasil, as pessoas gostam de quadros mais decorativos e modernos, não se importam muito com a imagem dele. Alguns até tem um gosto mais requintado, mas a maioria é assim. Já o europeu entende mais como uma obra de arte mesmo.
Quando você passou a ensinar arte para outras pessoas?
Comecei a ministrar aulas em 1998, com noções de desenhos na tela. Dou aula no meu ateliê em Lajeado e também em Teutônia, que é um curso pago pela prefeitura. Tenho cerca de 50 alunos, com idades que variam de 9 a 85 anos. O mais idoso tinha 87 anos. Já dei aula para médicos e diaristas. Isso que é bacana, pois não tem classe social na arte. Ela é igual para todo mundo.
A Casa de Cultura está com uma exposição de suas telas. Sobre o que falam estes quadros?
É uma exposição sobre a história de Lajeado. São quadros que contam 130 anos do município. É um trabalho que já havia feito para a prefeitura antes, pegando os fatos mais marcantes. Cuidei para não ficar algo maçante, só na parte política, e trouxe várias coisas interessantes, como o incêndio da Igreja em 1957, o vendaval de 1967, a fundação do Arroio do Engenho, que é onde tudo começou. Cada um tem um texto explicativo. E é algo bem interessante e curioso.