As entidades representativas dos produtores de tabaco manifestam-se indignadas e insatisfeitas com a comercialização. Desde o início da compra, as fumageiras empregaram maior rigor na classificação.
Conforme a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), a partir da primeira quinzena do mês de maio, quando 80% da safra já estava comercializada, as empresas mudaram a compra, valorizando as classes e aumentando o valor pago por quilo de tabaco.
Afubra, Farsul e Fetag-RS emitiram nota de repúdio à postura das empresas. As entidades exigem que as fumageiras revejam suas posições e estudem uma forma de bonificar os produtores prejudicados.
“A mudança na política comercial trouxe perdas para os produtores”, avalia o presidente do STR de Boqueirão do Leão, José Fumagali. O representante sindical também é produtor de tabaco e enfrentou essa disparidade na comercialização do fumo.
Na safra passada a média por arroba oscilou entre R$ 120,00 e R$ 150,00. Este ano, há relatos de produtores recebendo mais de R$ 200,00. “Não somos contrários à boa remuneração, mas criticamos o formato adotado prejudicando quem vendeu no início”, acrescenta Fumagali.
O presidente do STR local teme os impactos deste movimento para a próxima safra. Fumagali defende a necessidade da compra seguir as classes e um mesmo padrão do início ao fim. “Tem agricultor que deixou de receber R$ 15 mil a mais na safra. Agora na reta final está uma verdadeira correria pelo fumo”, comenta.
Diante das incertezas em cada ciclo, produtores estão migrando para outras atividades, a exemplo, a produção de grãos. Ricardo Tozetto reduziu a área com tabaco e destinou 15 hectares para produzir soja.
“É uma novidade para nossa região, mas apesar da falta de conhecimento e das técnicas, a planta tem se adaptado bem e estou satisfeito com os resultados. Para o próximo ano pretendo ampliar a área com soja”, pontua o agricultor.