Um dos segmentos mais afetados pelas restrições da pandemia, a indústria de calçados esboça um movimento de reação para os próximos meses. Conforme estimativa da Associação Brasileira das Indústrias Calçadistas (Abicalçados), o setor deve ampliar a produção em cerca de 12% em 2021.
Para o Vale do Taquari, o segmento tem grande relevância na empregabilidade. Enquanto um dos principais polos calçadistas do estado, a região tem nas fábricas e ateliers uma ampla oferta de oportunidades de trabalho. Com a instabilidade da pandemia, contudo, calcula-se que foram mais de mil demissões desde o ano passado.
O ano de 2020 foi repleto de adversidades ao segmento. Com restrições ao comércio e as incertezas da economia, as vendas de calçados caíram de forma significativa: cerca de 18%, com o setor retornando a patamares de 15 anos atrás. A exportação, que responde por 14% das vendas, caiu 18%, pior número em quase quatro décadas.
A boa notícia é que, por ser um setor sensível às oscilações do mercado, à medida que as demais atividades voltam à normalidade, a tendência é de reabertura das vagas fechadas pela crise.
Um fator crucial para atenuar os impactos é o programa de proteção ao emprego do governo federal. Com a possibilidade de reduzir salários e suspender contratos de forma temporária, empresários e trabalhadores encontram alternativas para reduzir as demissões e o risco de falência dos estabelecimentos.
Em nível nacional, cerca de 255 mil empregos diretos são gerados pelo setor calçadista. Para se ter uma ideia, o programa governamental viabilizou em torno de 60 mil acordos entre funcionários e empregadores.
De todas as variáveis econômicas, num momento de tamanha turbulência, o que mais importa à população é a preservação do trabalho e da renda. Se confirmar a expectativa, a recuperação do ramo de calçados evidencia a importância da presença do poder público para proteger os vínculos empregatícios em meio a um cenário adverso sem precedentes.
