O governo estadual pretende finalizar nesta semana o estudo sobre a concessão de rodovias. Entre as informações esperadas, o preço base da tarifa e a localização das praças. No Vale do Taquari, o pedágio de Encantado teria mudança de local.
No primeiro encontro entre representantes do Vale com o secretário de Parcerias Estratégicas do RS, Leonardo Busatto, a sugestão era manter os três pontos de operação atual, em Cruzeiro do Sul, Boa Vista do Sul e Encantado, onde estão as cobranças da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR).
A sugestão não foi aceita por líderes da região. O Estado se comprometeu em rever o ponto. Em entrevista concedida ontem à Rádio A Hora 102.9, Busatto disse que a nova proposta muda o pedágio de Encantado. Ficaria 10 quilômetros antes do endereço atual. A cobrança passaria para perto do Morro Gaúcho, em Arroio do Meio.
“Essa é uma novidade para nós. Na terça passada, foi nos dito que a mudança só ocorreria se houvesse unanimidade na região. Isso não se tem. Já podemos antecipar, Arroio do Meio não vai gostar”, frisa o presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Codevat), Luciano Moresco.
Essa alteração na praça de pedágio será apresentada aos gestores do Vale pelo secretário Busatto na próxima semana, em assembleia da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat). “Jamais vamos permitir. Vai atingir toda a nossa comunidade de Palmas e até os empreendimentos. Me surpreende que uma ideia dessas seja proposta”, critica o prefeito de Arroio do Meio, Danilo Bruxel.
“Sou morador de Encantado. Não queremos transferir o problema. Tudo o que passamos em duas décadas será passado para Arroio do Meio. Precisamos encontrar outra solução”, ressalta o presidente do Codevat.
Nas praças de Encantado e de Cruzeiro do Sul, moradores das comunidades onde estão a cancela estão isentos do pagamento. O benefício será extinto com a troca no modelo de pedágio. Além dos locais de cobrança, em especial na ERS-130, há outros pontos previstos pelo Estado que desagradam líderes regionais.
Em primeiro, o leilão com dois critérios: preço do pedágio e maior outorga. Significa que a vencedora terá de pagar um valor ao governo estadual para assumir a estrada.
Outro ponto de discórdia é o formato de cobrança. O Vale quer previsão de implementar a taxa por quilômetro rodado (free flow) e não cobrança fixa.
Por último, a duplicação da ERS-130, entre Encantado e Lajeado. Pelo esboço do Estado, esse investimento ocorreria após o décimo ano de concessão. Para o Vale, se trata de uma obra urgente e que precisa ser feita antes deste prazo.
“Precisamos de mais detalhes”
Entre os objetivos do Programa Avançar, no eixo concessões das rodovias, estão investimentos em duplicações, novas pistas, rótulas e intersecções nas ERSs 129, 130 e 453. O Piratini promete R$ 4,1 bilhões em 30 anos. O montante seria voltado para todo o lote 2, em que constam estradas de Passo Fundo, Carazinho até Santa Cruz do Sul. Em meio à promessa, os líderes do Vale têm dúvidas quanto ao melhor sistema.
Para o presidente da CIC-VT, Ivandro Rosa, faltam informações quando os projetos executivos das obras prioritárias. “Não nos disseram onde vai haver essas obras. Nosso receio é que o Estado chegue na audiência com o edital pronto, sem margem para revisões. Precisamos de mais detalhes.”
Logística precária
Os líderes regionais reforçam que a falta de investimentos nas rodovias atrapalha o desenvolvimento. O exemplo mais claro está nas condições da ERS-130. Pista simples, de alto fluxo pesado e com empresas instaladas às margens.
Entre Encantado, Arroio do Meio, Lajeado e Cruzeiro do Sul, estima-se que por dia mais de 28 mil veículos transitem no trecho.
Em 2019, a Cooperativa Dália Alimentos preparou dossiê com os custos das operações logísticas. Só em pedágio, pagou mais de R$ 2,2 milhões.