“Foi o nanismo que abriu muitas portas”

Abre aspas

“Foi o nanismo que abriu muitas portas”

Daiane Morgenstern, 22, é de Três Passos, mas mora em Lajeado desde o primeiro ano de vida. A estudante de Nutrição, da Univates, foi diagnosticada com acondroplasia (nanismo) no nascimento. Hoje, compartilha sua história no canal Pequena Grande Mulher no Youtube

“Foi o nanismo que abriu muitas portas”
Foto: Arquivo Pessoal

Como foi a descoberta do nanismo?

Brinco que fui e continuo sendo uma caixinha de surpresas para minha família, pois na época não tivemos condições de investigar melhor a gestação. Minha mãe soube apenas no momento do parto. Sou a filha mais nova, de três filhos, e costumo brincar que fiquei apenas com a “rapinha” da panela, pois somos uma família de estatura média/alta e até então não houve nenhum outro caso na família. Foram muitos anos de acompanhamento médico para entender e conhecer a acondroplasia (nanismo), entender o que poderia ser um risco ou não ao meu desenvolvimento, e como eu poderia ter qualidade de vida ao longo dos anos. Conheci diversos médicos diferentes, de muitas especialidades. Acho que isso foi um dos fatores que me levaram a escolher o campo da saúde para estudar.

Como surgiu o projeto Pequena Grande Mulher no Youtube?

Hoje sei que muita coisa poderia ter sido diferente, se a informação estivesse ao nosso alcance. A ideia de criar o Pequena Grande Mulher foi justamente para tentar auxiliar as famílias que tiveram/têm um caso de nanismo e enfrentam as mesmas dúvidas que eu e minha família enfrentamos no início. É trazer relatos de experiências minhas e da família, aliadas as informações científicas que hoje temos a nossa disposição. Nem sempre é fácil para os pais receber um diagnóstico desse, por isso, às vezes uma pessoa falando com uma “linguagem semelhante” pode auxiliar e talvez tranquilizar as pessoas. No canal, os inscritos tem a oportunidade de conhecer as minhas dificuldades a partir do meu ponto de vista e do ponto de vista médico. Isso não isenta o acompanhamento médico, jamais, mas pode talvez ilustrar um pouco mais como é ter nanismo hoje.

Em um de seus vídeos, você fala sobre os benefícios do nanismo. Quais são?

Posso viajar confortavelmente, bem deitada, sobre os bancos do carro ou do ônibus! Brincadeiras à parte, eu tenho pra mim que qualquer situação que enfrentamos existe uma vantagem. Às vezes somos nós mesmos que não conseguimos enxergar. Não sei como é ser “normal”, como é alcançar em tudo tranquilamente, mas sei que consigo entender um pouquinho melhor as pessoas, compreender elas em suas dificuldades e ter mais empatia. Foi o nanismo que abriu muitas portas, como conversar com as pessoas sobre como encaramos nossa vida, é ele que me faz estudar cada vez mais para tentar cuidar dos meus pacientes (quando eu me formar) da melhor maneira possível. Talvez se eu não tivesse nascido com nanismo, eu nem pensaria sobre estas questões e sabe-se lá o que eu estaria fazendo hoje. Ele me mostrou o que eu gosto de verdade de fazer, que é cuidar.

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