Avança a estratégia do governo gaúcho em conceder à iniciativa privada o controle das rodovias estaduais. Na semana passada, o Piratini anunciou investimentos importantes à infraestrutura viária, incluindo obras de recuperação e acessos asfálticos, bem como o cronograma das concessões dos principais trechos.
Por um lado, o anúncio é recebido com entusiamo por parte da sociedade gaúcha. Sabe-se da penúria financeira crônica das contas públicas e da incapacidade do Estado em fazer a administração das rodovias com a qualidade e a agilidade necessárias. Repassar esse controle a empresas concessionárias, por meio de editais justos e vantajosos para o RS, é a melhor alternativa.
Situado no extremo sul do país, com a economia sustentada pelo setor primário e ainda sem outros modais de transporte suficientemente ativos, o estado carece de investimentos contínuos e expressivos nas estradas, tanto para o escoamento produtivo como para a segurança dos usuários. Se o governo não tem condições de fazê-lo, precisa repassar a gestão à iniciativa privada.
Por outro, a notícia de que novas praças de pedágios serão implantadas sempre incomoda. O assunto ainda encontra resistência, em especial por parte dos caminhoneiros autônomos e dos motoristas de curtas distâncias. Diante da expressiva carga tributária sobre o bolso dos contribuintes, também se tem um argumento crítico que precisa ser levado em consideração.
Ao olhar o contexto geral, de abandono em diversas rodovias onde não há concessões, da precariedade das pistas, da sinalização, é preciso pensar um pouco mais sobre custo-benefício. O fato é que a incapacidade do poder público em garantir investimentos em infraestrutura faz com que os pedágios se tornem a principal alternativa para melhorias nas estradas.
Em meio a esse debate, um impasse se instaura na região. Legislação impede que o modelo privado de pedágios conceda isenções à determinadas comunidades. No caso do famigerado pedágio de Encantado, na ERS-130, a população de Palmas perderia o benefício de transitar livremente pela praça. O tema é complexo e mobiliza os líderes locais. Importante que a sociedade do Vale mantenha a vigilância sobre a definição do novo modelo, para depois não lamentar o formato estabelecido.