Da janela de casa, Rafael Fischer Reis, 22, consegue ver os alpes alemães, suíços, austríacos e italianos. Tem vezes em que a neve também faz parte da paisagem tão diferente da que estava acostumado. Natural de Cruzeiro do Sul, faz cinco meses que ele vive na cidade de Dürmentigen, na Alemanha, como Au Pair e divide a estadia entre o trabalho e o turismo.
“Sempre quis viajar e conhecer coisas novas. Escolhi a Alemanha porque é o país dos meus antepassados e por eu ter afinidade com a língua”, conta Rafael que trabalha há quase quatro anos na área do turismo.
Ele aprendeu o dialeto alemão com a influência, principalmente, da avó, mas em solo europeu, também faz cursos da língua oferecidos pela família que o hospedou. Além disso, recebe alimentação, moradia e um salário em troca do cuidado de três meninos e da casa.
Mas, mais do que uma relação de trabalho, Rafael foi recebido como membro da família. Ele é filho e irmão mais velho na residência alemã. “Eu fui muito bem acolhido, eles são muito legais e muito justos”, conta. No dia-a-dia, se divide entre buscar as crianças na escola, ajudar no dever de casa e também participa das brincadeira.
Para ele, o momento mais marcante dessa experiência foi o dia em que saiu do Brasil e foi recebido na cidade que passou a chamar de lar. “Nessa hora que a ficha realmente caiu. E, ao mesmo tempo em que me despedia da minha família no aeroporto, eu sabia que teria outra me esperando no outro lado do oceano”.
Um mundo para explorar
A adaptação levou alguns meses, mas aos poucos a saudade de casa deu lugar à vontade de conhecer o país. Há algumas semanas, Rafael visitou os alpes mais altos da Alemanha, e também conheceu cidades vizinhas de onde vive. A próxima viagem programada é para a Grécia.
“Estou sendo Au Pair em um ano de pandemia, eu sei que não vou poder aproveitar como em tempos normais, mas vou viajar e conhecer os lugares que puder nesse momento”, ressalta.
Ele chegou na Alemanha quando o país passava por um lockdown. Agora, com a chegada do verão, restaurantes e hotéis começam a abrir, e uma nova esperança traz a possibilidade de viagens mais longas.
“Enquanto tudo estava fechado, eu aproveitei muito a natureza daqui. Fiz caminhadas pelas florestas, conheci o interior, construções históricas”, relata.
Nos cinco meses em que vive nas terras de seus antepassados, diz ter aprendido muito, principalmente sobre ele mesmo.
O programa Au Pair
Expressão francesa, Au Pair traduz a ideia de igualdade econômica entre serviços trocados. Os jovens de 18 e 27 anos que participam do programa são responsáveis pelo cuidado das crianças da família, da casa e das tarefas cotidianas.
O trabalho é de 6h diárias, com folgas de um ou dois dias na semana. Mas em cada residência, as necessidades são diferentes e na maioria dos casos o Au Pair é tratado como um membro da família.
Ele também tem direito a 30 dias de férias durante os 12 meses de duração do programa, e ainda recebe um salário de 280 euros.
Para ser um Au Pair, é possível fazer o contato com as famílias por meio de agências especializadas, pela internet ou diretamente com os anfitriões. Rafael conta que a família onde está hospedado tem tradição com o programa e já recebeu quatro pessoas da região sul do país antes de Rafael, que agora os ajuda na procura por um novo Au Pair para o próximo ano.