Energia, ponte e enchente

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor editorial e de produtos

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

Energia, ponte e enchente

Vale do Taquari

Quando vem a enchente, verificamos o quanto somos vulneráveis. Quanto falta energia elétrica, verificamos o quanto somos desassistidos. Quando estraga a ponte sobre o Arroio Boa Vista, verificamos o quanto somos reféns do trecho.

Está na hora da região decidir se preparar melhor em relação a alguns temas estruturais e fundamentais. Lembremos: quando foi bloqueada a passagem na BR-386, dia sem e outro também, se falava sobre a importância de novas estruturas sobre o rio Taquari. Bastou a ponte ser liberada e o fluxo normalizar para o debate esmorecer.

Em julho do ano passado, a terceira maior cheia atingiu a região. Por baixo, cálculos mostravam prejuízos na casa de R$ 500 milhões. Na época, muito se falava em criar sistemas interligados, buscar melhores mecanismos de controle, sistemas de alertas, muros de contenção, barragens, etc. Muitas foram as ideias. Mês que vem completa um ano e, até aqui, apenas uma e outra régua nova foi instalada. De política pública nova e integrada, nada.
No sábado retrasado, um temporal atingiu com força o Vale. Milhares de famílias ficaram sem abastecimento de energia elétrica. Tanto a Certel como a RGE iniciaram imediatamente o serviço de reparo.

Os clientes da cooperativa ficaram no máximo 30 horas às escuras. Já os da RGE, pasmem, chegaram ao extremo de 90 horas sem energia elétrica em casa. Para dezenas de famílias, a luz só voltou na quinta-feira. Esse paradoxo entre o atendimento das duas companhias é incompreensível.

Mas mais do que incompressível, é inaceitável. A região, enquanto força política e classista, precisa aumentar “o bafo na nuca” da RGE. Estrela buscou a solução na Justiça e encontrou amparo no despacho. Agora, vai além e quer que a companhia pague os prejuízos que as famílias acumularam nestes quatro dias de interrupção no abastecimento. E se justiça for feita, a RGE será obrigada a ressarcir.

A ineficiência da multinacional (antiga Aes Sul) impacta a região faz anos e chegou a hora de dar um basta neste desserviço que a companhia presta toda vez que um temporal atinge a região.

O Vale do Taquari cresce a olhos vistos. Aposta no perfil emancipacionista da sua gente e de seus empreendedores, mas esbarra em mazelas estruturais. Sabe-se que a lista de prioridades de nossas entidades é grande, no entanto, as questões relacionadas a energia elétrica, a novas travessias sobre o Rio Taquari e o impacto das cheias não podem ser adiados ou esmorecidos. Uma região que se pretende desenvolvida, respeitada e inspiradora precisa unir forças e energias para atacar problemas que nos perseguem faz anos.

E vejam, nem entramos no assunto saneamento básico. Ou seja, não há mais tempo a perder.


OTIMISMO COM OS NÚMEROS DO PIB

O PIB gaucho cresceu 4% no primeiro trimestre de 2021. Os números foram divulgados na última quinta-feira. Verdade que estamos comparando com o desempenho do ano passado, quando a régua fatalmente nos leva para baixo. Ainda assim, o crescimento, que ficou bem acima da média nacional, é uma injeção de otimismo para o que vem pela frente.

A retomada econômica vem em V e não em L. Ou seja, se solidifica muito antes do que se projetava. O agronegócio e a indústria de transformação lideram o índice, que já está em patamar superior ao pré-pandemia. Para os propagadores do discurso da “terra arrasada”, os números do PIB mostram que é possível – e necessário – viver e trabalhar durante a pandemia.

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