Lajeado
Em uma pequena residência em frente ao Posto de Saúde do bairro Santo Antônio, uma faixa com os dizeres “Projeto Bom Samaritano” chama a atenção dos moradores. A placa também indica que ali funciona um restaurante popular e um espaço que resgata vidas.
Personagem bíblico, o Bom Samaritano buscava auxiliar os necessitados, e essa é a proposta do projeto idealizado pelo casal Viviane e Leomar Rogério Moraes, que acolhe moradores de rua, ex-presidiários e dependentes químicos em recuperação.
Hoje são cinco residentes, mas o lugar também recebe pessoas da comunidade que precisam de roupas ou alimentos. Na hora das refeições, a mesa é servida para cerca de 15 pessoas, mas sempre tem espaço para um novo morador do bairro que fica para o almoço.
Faz cerca de cinco meses que o projeto recebeu o primeiro acolhido. “A ideia já existia há tempo, mas só foi acontecer esse ano. Nós tínhamos recém comprado o prédio que estamos pagando em prestação, não tínhamos cama nem nada, mas vimos um homem na rua que precisava da nossa ajuda, tivemos que começar assim mesmo”, conta Viviane.
O primeiro colchão foi doado pela família de Leomar que é também pastor da Igreja Evangélica Pentecostal Bom Samaritano, e foi assim que as portas do abrigo se abriram.
Desde aquele dia, ele vai à residência às 4h para iniciar a produção dos lanches vendidos em empresas e para pessoas da comunidade, e que ajudam a manter a estrutura e a alimentação no espaço.
Rosquinhas, pastéis, pães, cachorros-quentes, pizzas e calças-viradas são alguns dos lanches vendidos pela entidade e a produção, embalagem e venda dos alimentos é feita com a ajuda dos acolhidos que também aprendem a profissão. A limpeza da cozinha é tarefa deles que vivem como uma família dentro do projeto.
Além disso, um trailer foi montado na frente da sede, onde Viviane trabalha para auxiliar as vendas.
Leomar também atua como padeiro e essa já era a forma de sustento da família. Agora, a maior parte do valor é investida na entidade, para o pagamento de luz, água, alimentos, e das prestações da compra do imóvel.
Solidariedade que transforma
Na cozinha, também fica uma moradora do bairro, a única que recebe pagamento pela produção. “Eu vi ela passando aqui na frente e sabia da situação. Ela foi abandonada pelo marido e cuidava dos quatro filhos. Estava desesperada, então criei uma vaga de emprego que na verdade não existia no projeto e disse que os filhos dela nunca mais passariam fome”, conta Leomar.
Hoje, ela cria os filhos ao lado de um dos residentes da casa. Esta foi a última semana dele na pequena residência e, agora, com uma nova família, sai da entidade com outra perspectiva de vida.
Ele conta que passou um período preso e, quando saiu, não recebeu ajuda. Até conhecer Leomar. “Eles me acolheram. É um projeto que tem a intuição de ajudar. Eles fazem o impossível e fazem de bom coração”, conta.
Outro acolhido do abrigo foi Igor Teixeira, 40. Ele bateu na porta da residência porque não tinha para onde ir, já que a família não queria contato. Hoje, com mais de um ano sem contato com drogas, ele busca uma reaproximação com os irmãos.
Projeto de ampliação
Mesmo antes do projeto ser colocado em prática, Leomar abria a casa para receber pessoas que não tinham onde morar, como uma espécie de albergue.
Ele também passou um período preso, e lá começou um projeto para mudar a vida das pessoas ao seu redor. Foi assim que percebeu a necessidade de criar um espaço para tirar as pessoas da rua, dar um prato de comida e um local para dormir.
Além da doação de alimentos, sempre uma necessidade da casa, eles também recebem roupas que são doadas para os moradores do bairro.
Com a procura maior do que o espaço pode receber, a ideia é construir um segundo piso com cinco alojamentos para ampliar para 20 as vagas na estrutura. Para isso, o projeto conta com a ajuda da comunidade com a doação de materiais e mão de obra para a ampliação. Quem quiser contribuir pode entrar em contato com Leomar pelo número (51) 99586-0814.