O que o Vale tem a celebrar no Dia Mundial do Meio Ambiente?

5 de junho

O que o Vale tem a celebrar no Dia Mundial do Meio Ambiente?

Região evolui na produção agroecológica, mas falha no tratamento de resíduos

O que o Vale tem a celebrar no Dia Mundial do Meio Ambiente?
Falta de sistemas para o tratamento do esgoto doméstico desafia gestores e causa impactos ambientais / Crédito: Arquivo A Hora
Vale do Taquari

Neste sábado, 5, é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data remete às ações e aos rumos da preservação ambiental em paralelo ao desenvolvimento socioeconômico. O Vale do Taquari se destaca no aspecto da vegetação e recursos hídricos, o que também aumenta a responsabilidade de todos.

A bióloga Diana Blum Kunzel aponta os avanços relacionados aos licenciamentos e compromissos para garantir a produção com o menor impacto possível. Em 1995, quando inaugurado o Jardim Botânico, de Lajeado, era diretora setor de Meio Ambiente, que evoluiu para departamento e mais tarde passou para secretaria.

“Não se tinha a emissão de licença ambiental no município. Lajeado foi um dos primeiros no estado a obter o serviço e foi uma grande conquista para a região, viabilizando maior controle e fiscalização”, pontua Kunzel.

Embora muitos municípios já tenham seu plano diretor, a bióloga alerta para a necessidade do estudo da capacidade de suporte. “Vivemos um paradoxo, pois queremos aumentar a produção e o retorno econômico, mas não nos preocupamos com a capacidade, e o quanto o ambiente vai suportar”, observa.

Pela análise de Kunzel, muitas empresas cumprem as questões ambientais acima do exigido na licença, mas há também, as que fazem somente o básico, ou até mesmo, deixam de cumprir com suas obrigações.

Comunidade consciente

Questões ambientais deixam de ser defendidas por um grupo específico e têm atenção maior da comunidade. “Olhando as últimas décadas, percebemos uma evolução interessante, pois a população passa a ter opiniões e sugestões sólidas, não apenas emocionais”, observa o professor e pesquisador da Univates, Odorico Konrad.

A produção de alimentos orgânicos, por exemplo, cresce no Vale do Taquari, gera renda e reduz os impactos ambientais. Avanço importante para reduzir o uso de agrotóxicos, um dos desafios do setor primário.

Nas gôndolas, os orgânicos deixam de ser pontuais e atraem novos públicos. “Há muito espaço para ampliar. É um segmento que parece estar bem consolidado, mas precisa das políticas públicas e ações de governos para desenvolver”, pontua Konrad.

A destinação de resíduos do setor produtivo encontra caminhos alternativos e viáveis no aspecto econômico. “Num passado não tão distante, os resíduos eram descartados em locais não adequados, até mesmo, áreas críticas para poluição ambiental. Avançamos neste aspecto, mesmo não conseguindo as respostas que se gostaria”, comenta o professor e pesquisador.

O tratamento dos resíduos através de reciclagem e compostagem, além de benefícios ambientais, gera retorno financeiro e são iniciativas acessíveis tanto para o campo quanto na cidade. Dejetos de suínos, por exemplo, são transformados em adubo orgânico e utilizados na produção de hortifrutigranjeiros.

“A população está muito à frente que o próprio poder público. O nível da discussão ambiental elevou, deixa de ser restrita e possibilita um diálogo mais tranquilo”, avalia Konrad.

Metas para o saneamento

“Água de qualidade a Corsan, associações e municípios entregam à população dentro de uma boa condição, mas ao mesmo tempo, não se mobilizou para o tratamento do esgoto”, afirma Konrad. A falta de metas é apontado como gargalo para melhorar os indicadores e a realidade da região.

Pela análise do professor e pesquisador da Univates, há um atraso muito grande nas questões que envolvem a destinação do esgoto doméstico. “Precisamos de ação, pois os discursos vazios não servem para nada. Não adianta olhar para o passado, pois não vamos conseguir reverter os danos ambientais, é preciso traçar metas e avançar”, reforça.

Na análise da bióloga Diana Kunzel, por muito tempo se apontava as indústrias como grandes geradoras de resíduos. No entanto, com o aumento populacional e de consumo, os investimentos no saneamento básico ficaram aquém, gerando um grave problema.
“Até mesmo por questão orçamentária, tratar o esgoto ficou de lado. Hoje podemos dizer que a água subterrânea está cada vez mais contaminada por infiltração de resíduos e não sabemos qual será o desfecho.”

Corredor ecológico

No debate das Áreas de Preservação Permanente (APPs), ações com o olhar do Ministério Público (MP) são elogiadas. “Esse diálogo do corredor ecológico foi pelo mais correto. Se fosse seguir somente a lei, produtores perderiam até 60% da área total”, cita Konrad.

O especialista na questão ambiental cita a interferência de fatores naturais na supressão da vegetação. “Nem sempre é por fatores humanos o processo de degradação. Episódios com alto volume de chuva levaram ao desbarrancamento de encostas e áreas próximas do rio Taquari e seus afluentes”, conclui.

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