Ocupação de leitos clínicos dispara e pressiona UTI no Bruno Born

Novo avanço

Ocupação de leitos clínicos dispara e pressiona UTI no Bruno Born

Confirmação de novos casos em Lajeado cresce 23% em uma semana. Gabinete de crise espera primeiro aviso do Estado. Análise dos indicadores e plano de ação para conter contágios serão apresentados para prefeitos da região. Maior hospital do Vale transfere cirurgias eletivas que demandam terapia intensiva

Ocupação de leitos clínicos dispara e pressiona UTI no Bruno Born
Hospital Bruno Born adapta estrutura. Oito leitos de UTI adulto serão destinados para covid, o que aumenta para 18 as vagas a pacientes graves com a síndrome respiratória (Foto: Filipe Faleiro/Arquivo A Hora)
Lajeado

O aumento na procura por atendimento nos postos de saúde, na UPA e no Pronto-Atendimento (PA), desde o início do mês confirma o avanço da covid-19. Como resultado, percebe-se impacto sobre a ocupação dos leitos clínicos.

Entre o dia 28 de maio até ontem, a internação saltou de 45% para 105% no Hospital Bruno Born (HBB). No total, são 20 vagas clínicas. Na tarde de ontem, havia 21 pessoas nos leitos. Também há elevação na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Dos 30 espaços, havia 27 pacientes internados. A maioria de casos confirmados ou com suspeita de covid.

Diante deste cenário, a direção da maior casa de saúde da região decidiu remarcar as cirurgias de alto risco por 14 dias. A medida visa atenuar a circulação de pessoas no hospital e garantir mais condições para receber a demanda de pacientes com o coronavírus na UTI. Conforme o diretor executivo, Cristiano Dickel, se tratam de procedimentos eletivos cardíacos, oncológicos e neurológicos.

Quarta onda

Esse avanço no número de infectados é motivo de preocupação no comitê técnico e de dados da região. “Estamos diante de uma quarta onda da doença”, opina o secretário de Saúde de Lajeado, o médico pneumologista, Cláudio Klein.

Do dia 1º de maio até ontem, a média diária de pacientes com sintomas gripais no primeiro atendimento subiu de 50 atendimentos para 90. De acordo com o secretário da Fazenda e integrante do grupo de análise de dados, Guilherme Cé, o patamar é elevado e traz como impacto maior demanda sobre o hospital.

Destes 90 pacientes que procuram os postos, a UPA ou o PA, 23% têm confirmação para covid-19. Entre o dia 20 até 27 de maio, esse percentual era de 11%. “Temos a confirmação de que o vírus está circulando mais na cidade”, destaca Klein.

Primeiro “Aviso”

Os dois secretários acreditam que nesta semana o Vale do Taquari receberá o primeiro apontamento estadual. Pelo sistema “3As”, a região terá o Aviso. “Significa que precisamos aumentar nossa vigilância. Neste momento não teremos de responder ao Estado”, explica Cé.

As tabulações sobre a pandemia nos municípios serão apresentadas aos prefeitos da região, durante assembleia da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), marcada para sexta-feira. O intuito do comitê técnico e de dados é definir o enfrentamento da doença, reduzir contágios e mitigar restrições às atividades produtivas.

Estratégia regional

Pelo tamanho da cidade e pela circulação de pessoas, a proporção de casos em Lajeado tem maior reflexo sobre os indicadores regionais e ocupação hospitalar. Ainda assim, percebe-se maior procura por leitos também por residentes de cidades adjacentes, adverte Cé.

Para o secretário, desde o dia 20 de maio, quando Lajeado publicou o decreto para suspender esportes coletivos e limitou eventos sociais, a média diária de atendimento antes da internação hospitalar se estabilizou.

Na análise dele, isso foi resultado da proibição sobre eventos de lazer e esportes coletivos. Tal medida foi sugerida também aos municípios da Amvat. “A maioria dos prefeitos adotou uma postura diferente. Houve uma flexibilização e agora vemos o impacto disso.”

Como o “Aviso” do Estado nesta semana é quase uma certeza, o comitê regional estuda quais medidas podem ser adotadas. Em um primeiro momento, se descarta uma nova suspensão das aulas presenciais e de funcionamento dos estabelecimentos em horário comercial.

Novas variantes

O indicador de óbitos no HBB é outra preocupação. Conforme as informações disponíveis no portal da instituição, a taxa de mortalidade institucional está em 21,7%. No caso da UTIs, esse percentual alcança 34,49%.

Quanto ao total de confirmações de pacientes com covid no hospital, em 14 meses foram 1.519 pessoas. Deste total, houve 236 óbitos. O período de mais letalidade foi neste ano, entre o fim de fevereiro e março. Período em que se confirmou a presença de uma nova cepa da doença, a variante P.1, identificada em Manaus.

No país também já foram registrados contágios com a variante indiana, a B.1.617. “Ainda não temos confirmação de novas cepas na nossa região”, informa Cláudio Klein. De acordo com ele, há previsão de coletas para análise sobre mutações.

Os exames são feitos por laboratório estadual, por meio do desmembramento genético do vírus. Só com a análise por DNA é possível verificar se há novas cepas em circulação.

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