Toda a época tem suas inovações na área da administração. Nos anos de 1990 chega do Japão o Programa de Qualidade Total, revolucionando gestão e organização nas empresas e a vida dos nelas envolvidos. Surgem expressões como 5 S, desenho e retroalimentação de processos, lay out, nicho de mercado, feed back, gestão participativa, etc. Os efeitos jogam a gestão das nossas empresas na modernidade global.
Na sequência, aparece o empreendedorismo, ato de meter o peito e a cara para montar um novo negócio ou expandir o existente. Como sói acontecer, surgem diversos cursos e treinamentos, onde instrutores e painelistas trazem toda uma teorização sobre o tema. Como se fosse apenas preencher fórmulas ou alimentar um software específico e pronto… lá está nosso empreendimento implementado, florescendo, bombando e gerando lucros.
Não é bem assim. Este é um campo delicado que envolve nuances que vão além do formulismo e da teorização. Claro que é imprescindível dominar e adotar conceitos e práticas modernos de gestão. Agora, na realidade há fatores extras que dão o caldo do sucesso. A sua enumeração e o peso de cada qual variam da análise de cada um. Particularmente destaco, como fundamentais, o “faro”, o senso de oportunidade, a capacidade de se adaptar rapidamente a novos cenários, não se acomodar, coragem e “confiar no seu taco”, valorização do material humano e boa gestão de crise.
Semana passada a Região teve um exemplo prático do mais puro empreendedorismo, quando o Grupo A Hora assume o controle do jornal Nova Geração, de Estrela. Ocupo este espaço quinzenalmente e coincidiu que no fim de semana seguinte ao ocorrido, esta coluna era de outra autoria. Contudo, como economista aficionado do tema, da Região, do Estado e do Brasil, não poderia deixar de fazer esta abordagem, mesmo que, como notícia, já superada.
O Grupo nasceu de um ato de coragem e de transpiração de seu líder, Adair Weiss, há um tempo, quando, em Santa Clara, alguém lhe joga no colo um jornaleco chamado A Hora, dizendo-lhe, “te vira que tô partindo prá outra”. Conheci o Adair na época. Era produtor de programa de rádio, de sucesso e poderia ter seguido ali, sem arriscar seu capital (por certo ínfimo, à época). Mas não.
“Farejou” uma oportunidade e, paralelamente à sua profissão desenvolve o jornal, chama seu irmão Fernando para ajudar e o consolida. Mas não parou. Há dez anos convida o jornalista Sandro, dos seus quadros, para tornar-se sócio. Além de consolidar o seu negócio, oportuniza a jovens nele ingressarem. Ano passado incorpora a Rádio Sorriso e surge a Rádio A Hora. Não rivalizando com as demais daqui. Mas, fidelizando, cada vez mais, a audiência nos veículos do Vale do Taquari. E agora, demonstrando, na prática, que Estrela e Lajeado são um grande conglomerado urbano com interesses em comum, estabelece uma ponte definitiva entre ambas. Ao mesmo tempo, pereniza um jornal histórico como o Nova Geração e, novamente dá oportunidade à formação de novos empreendedores, na prática, ao convidar seu jornalista Rodrigo Martini para ser sócio na nova empreitada. Isto é “confiar no seu taco”, democratizar oportunidades e consolidar parcerias. Nesta linha e retribuindo à Região pelas oportunidades dadas, aliado ao Município de Estrela pretende formar, ali, um grande de museu da comunicação.
Há inúmeros cases de sucesso como o do Grupo A Hora. Apenas me fixei nele por conhecer toda a caminhada e, com esta alusão, homenagear todos os micros, pequenos, médios e grandes empreendedores privados, que botam sua cara a tapa diariamente para levar adiante a região, o estado e o país, num exemplo ímpar de brasilidade.